O Homer Vitruviano

O Homer Vitruviano
Leonardo quase acertou.

Wel Come Maguila, Mas Manda Flores No Dia Seguinte

Bem-vindos, párias, desgarrados, nerds, loucos de toda espécie ou, caso esse negócio não der certo, boas vindas às minhas demais personalidades. Façam-se ouvir, façam-se sentir, façam-se opinar. E, caso falte energia ou acabe a bateria, faça-se a luz!


segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Bolsa Com Valores



Olha só: vamos combinar que Wall Street é filme que poucos gajos imberbes conhecem. Eu mesmo tive que rever o filme de 1987, aproveitando que a Sinara provavelmente encontrava-se abduzida na época em que ele passou no cinema, prá me lembrar com clareza de que catzu se tratava o filme do Oliver Stone. O que eu me lembrava, não necessariamente nesta ordem:

- que era sobre a Bolsa de Valores;

- que o mocinho era um Charlie Sheen com cara de desmamado, saído direto do set do Platoon;

- que o vilão era um surpreendente (peraí, em letras maiúsculas e hifenizadas: S-U-R-P-R-E-E-N-D-E-N-T-E) Michael Douglas, ainda antes dele dar um migué na esposa e se internar como dependente sexual (hahahahahahahahaha, desculpa, mas é dose);

- o vilão acima era o capeta em forma de executivo;

- que no final o Charlie Harper, quer dizer, Sheen, gravava a confissão do bandidão e ele se ferrava.

Pois bem: me atrevi a rever o Wall Street original, empolgado que estava em convencer a patroa a ir conferir no cinema o Wall Street novo, com o subtítulo que inicialmente odiei: O Dinheiro Nunca Dorme.

Surpresa, surpresa: Wall Street, o de 87, continua novinho como um iPhone 4, algo que me apressei em tuitar. Se os computadores parecem saídos de uma ficção científica dos anos 50, a temática ganância versus idoneidade dividido por sucesso permanece a cada dia mais atual.

Mas, me caíram os butiás do bolso, Gordon Gekko não me pareceu tão demoníaco. Tá certo que o cara podia vender a mãe numa segunda de manhã se as commoditties estivessem em alta, mas suddenly ele não é mais tão distante das figuras com as quais eu convivo diariamente. Um monstro, mas um monstro real. Não mais o Diabo, mas uma figura de carne e osso.

Outra coisa que não lembrava: que puta ator é o Martin Sheen, meu Deus do céu. Deveria ter levado o Oscar de coadjuvante daquele ano e tenho dito!

E, pasmem, Oliver Stone, o mesmo diretor que um dia foi um genial contestador, para na seqüência entregar Alexandre e As Torres Gêmeas (não vi W. por puro medo de largar o cara de mão, juro), teve um senso de timing único. Ao que parece, o sujeito acordou um belo dia há dois anos e teve uma luz ao ler o jornal: que tal retomar a história de Gordon Gekko em plena crise econômica mundial de 2008?

O resultado é disparado o melhor trabalho de Stone desde Um Domingo Qualquer, lá em 1999. Ao repaginar a trajetória de um dos vilões mais emblemáticos dos anos 80, Oliver Stone soube dar continuidade madura a um personagem que parecia perdido no mundo yuppie de outrora.

Gordon Gekko, ao sair da cadeia no começo de Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme (eeeeeei, o subtítulo é uma frase icônica do primeiro filme, o que já me conquistou) é um personagem bem diferente daquele ensebado especulador de 1987. Bem diferente, mas não totalmente diferente, e isto faz toda a diferença. Mesmo colocando um ponto de interrogação após o mantra Greed Is Good, Gekko ainda é aquele sujeito imprevisível, a quem olhamos sempre de soslaio, com os pés bem fincados atrás. Talvez seja a nossa atração atávica ao que nos faz mal, mas o fato é que é difícil conter a empatia com o canalha. Malditos genes.

E se os conflitos familiares parecem superar um pouco as tramóias financeiras, o que não ocorria no primeiro filme, pelo menos Stone não carrega a mão no sentimentalismo. Se emociona, não é emoção barata, mas um desenvolvimento de personagem crível.

E quando, lá pelas tantas, Michael Douglas (em sua melhor interpretação desde... bem, desde o primeiro Wall Street, oras!!) doma a cabeleira a base de gel, ao som das canções de Brian Eno e David Byrne, só nos cabe perguntar: onde é que este adorável canalha andava nos últimos 20 anos?

Mas Wall Street 2 não é só Douglas. Shia LaBeouf, longe do projeto de Tarzan do último Indiana Jones, aqui assume o lugar de protagonista com gosto e quase não nos faz ter saudades de Charlie Sheen (fato amenizado pela ótima ponta deste como o Bud Fox original).

Como vilão, uma espécie de Gordon Gekko Reloaded, Oliver Stone criou o personagem de Josh Brolin, que a cada trabalho parece se superar. E o diretor ainda se dá ao luxo de utilizar Eli Wallach (o eterno Feio de Três Homens Em Conflito), Susan Sarandon e Frank Langella em papéis secundários.

Sem parecer gratuito ou picareta por nem um fotograma que seja, Wall Street 2 faz um inventário (e um mea culpa, talvez?) sobre a nossa sociedade atual, e como ela não difere tanto assim daquela de algumas décadas atrás. Os ternos com ombreira e as camisas verde limão podem ter saído de moda, mas a competição predatória no mundo corporativo continua idêntica.

A ganância, pelo menos no cinema de Oliver Stone, nunca foi tão boa.

Um comentário:

  1. Como eu estava abduzida naquela época,foi ótimo eu ter visto o primeiro e em seguida o segundo filme.Fiquei com medo do Gordon no primeiro ,mas ao mesmo tempo muito fã porque Gekko é o CARA!Ele pode!Besos ATAI

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