O Homer Vitruviano

O Homer Vitruviano
Leonardo quase acertou.

Wel Come Maguila, Mas Manda Flores No Dia Seguinte

Bem-vindos, párias, desgarrados, nerds, loucos de toda espécie ou, caso esse negócio não der certo, boas vindas às minhas demais personalidades. Façam-se ouvir, façam-se sentir, façam-se opinar. E, caso falte energia ou acabe a bateria, faça-se a luz!


terça-feira, 6 de julho de 2010

Créme de La Créme: Parte 2: Paulinho, O Ligeirinho



Foi no final de 2006 que anunciaram nos alto-falantes da Rádio Peão da A.M. Caleffi Advogados um boletim especial: estava sendo contratado um novo estagiário para o escritório.

No dia seguinte, adentrou no recinto um sujeito baixinho, sorridente e irrequieto. Paulo Roberto Kohl, ele se intitulou, não sem deixar de emendar um “mas pode me chamar de Paulinho” colado à apresentação.

Algumas semanas depois, no churrasco de final de ano do escritório, tomamos o primeiro porre juntos. O episódio piloto que deu origem à série. Estava firmada a amizade, como ele me diria algum tempo depois, durante os tradicionais répi óurs em postos de gasolina. Foi no entrevero patrocinado pelo escritório em Lomba Grande também a primeira vez que o vi encenar o seu cartão de visitas ao declamar o Bochincho de Jayme Caetano Braun diante de uma platéia incrédula e etílica. Não sei quantas vezes já assisti à sua performance, mas confesso que a esta altura até eu, gaúcho sem vocação para gaudério, seria capaz de recitar alguns trechos do poema.

Ironicamente, Paulinho (que seria apelidado de Ligeirinho logo nos primeiros tempos, alcunha que espelha o jeito espevitado do guri) não é natural das plagas do Rio Grande. O pequeno payador tem raízes em Santa Catarina, quase na fronteira com o Paraná. Veio de Abelardo Luz, o vivente. Cidade natal de Falcão, ele sempre negrita.

Um catarina que é mais gaudério do que a maioria dos gaúchos, um enredo que inspiraria Braun a compor um poema, certamente. Pois nas veias de Paulinho não corre sangue azul, mas sim verde. Não o verde dos barrigas verdes. Verde da cor da erva mate. Amarga. Verde como o esterco das vacas que já assamos muitas vezes. Verde como os pampas.

Foram tantas e tantas bebedeiras nestes quase quatro anos. Tantas e tantas arruaças, risadas, confidências, confusões que fica difícil e impróprio elencar tantos momentos em um hit parade mental que fizesse jus ao que aprontamos. O Texas Hold´em nos fez sentir como verdadeiros Mavericks dos grandes cassinos.

Pois Paulinho está de malas (e cuia, obviamente) prontas para retornar à sua querência de origem, pronto para novos desafios e vôos profissionais, agora que já é um adêva com registro na OABesta.

Confesso que me sinto um pouco órfão por antecipação. O escritório não será o mesmo sem o Ligeirinho. Ficará mais triste. A mesa de pôquer contará a partir de agora com um assento vago e cheio de fichas largadas sobre o feltro verde. Esperando que Paulinho nos visite para, entre uma baforada num Marlboro vermelho e um gole de ceva choca, dê um all win com um par de 2.

Estamos, a turma do escritório, felizes pelo rapaz e tristes por nós mesmos. Em protesto, proibiremos a execução do Bochincho até que o desgraçado nos visite.

E a china? O Paulinho nunca nos apresentou.

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