




Esta semana começou triste para o Brasil e trágica para o Rio de Janeiro. Ironicamente, faz exatos 7 dias que retornei da Capital fluminense. E este texto já havia sido planejado por lá mesmo. Só que agora, diante da gravidade dos acontecimentos que atingiram a cidade, é impossível ignorar a sombra espessa que inevitavelmente pairará sobre quaisquer linhas que façam apologia à Cidade Maravilhosa.
O fato é que fui ao Rio a trabalho. Foi a primeira vez que estive por lá sem que o objetivo principal fosse tomar caipirinha na beira da praia de Copacabana ou Ipanema ou Leblon ou Barra, etc. Pensando bem, o objetivo principal mesmo era esse. O trabalho é que se enfiou no meio.
O incrível é que, quando me destacaram para a empreitada, eu chiei. Achei a idéia uma indiada. Reclamei. Fui a contragosto. Afinal de contas, quem em sã consciência iria querer trabalhar engravatado no calor do Rio enquanto uma multidão aproveitava, de bermudão floreado e drinque com guarda-chuvinha, a brisa à beira-mar?
Pois bem: como em incontáveis momentos da minha vida, me precipitei. Sou daqueles que não enche a boca e estufa o peito para bradar um “não me arrependo de nada que tenha feito na minha vida!!!!”, como se isso fosse lá crível ou mesmo possível. O carinha aqui, ao contrário, se arrepende, sim. E erra. Faz merda. Freqüentemente.
Isto é o que me veio à cabeça quando, depois de um dia intenso de trabalho, me livrei da fantasia de advogado dos livros do John Grisham e fui caminhando de Copacabana até Ipanema, curtindo a solidão, o Sol, a areia, a brisa, enfim, vivendo.
Foi na volta que parei no Arpoador. As pedras do Arpoador, aquelas que o Cazuza cantou.
Ali foi que me dei conta. As praias do Rio têm água límpida, sim. Mas Santa Catarina, também. O Nordeste então, nem se fala.
A diferença do Rio de Janeiro para qualquer outro lugar neste País (e no mundo, talvez?) é que a sua beleza é violenta, brusca, sem um pingo de sutileza.
O mar e os morros, tão próximos, aliados a um recorte litorâneo que poderia ter sido pintado por DaVinci ou esculpido por Rodin, desafiam todo e qualquer patamar de formosura. É o encanto por uma paisagem que desafia a ocupação urbana. Até as favelas contribuem para tornar o cartão-postal ainda mais impressionante.
Mas é, e repito, uma beleza que agride. Parece querer provar quem manda no campinho, como se fosse um daqueles cowboys valentões metendo o pé nas portas vai-e-vem do saloon.
Levei pedradas da beleza do Arpoador no tempo (meia hora? Uma hora? Duas horas?) em que eu fiquei lá, sozinho, olhando embasbacado para um pôr-do-Sol que parecia ter sido criado pelo James Cameron para uma continuação de Avatar.
A beleza da Cidade Maravilhosa agride. Eu levei várias porradas. Só pra aprender a nunca mais praguejar quando tiver que voltar para lá. Teria, isto sim, é que chulear para que a próxima oportunidade não tarde a chegar.
É importante tomar cuidado pro trabalho não atrapalhar o nosso alcoolismo. Quanto ao "FÔR-do-Sol" do Cameron, dava pra ver sem óculos 3D? ;)
ResponderExcluirLegal esse teu texto! Concordo em gênero, número e grau!
ResponderExcluirO engraçado é que estávamos no Rio na mesma época que tu, e também lá pras bandas de Ipanema, de repente até nos cruzamos por lá!
Ficamos 20 dias que pareceram passar muito rápido! Voltamos na última quarta, à noite.
Infelizmente ocorreram essas chuvas, mas conhecendo os cariocas, não me surpreende que eles logo estejam recuperados e tocando a vida da forma que só eles sabem...
Pra variar, escapamos por pouco de novo!
A gente tava com passagens compradas e hotel reservado pro Chile e 7 dias antes da viagem deu o terremoto...Daí fomos pro Rio e 4 dias depois dá enchente e deslizamentos...
Sei lá, tá a fim de uma visita nossa aí em São Léo??? He,he,he...
Abraços!
Fabiana Brandão
e eu... concordando contigo.
ResponderExcluirO Rio de Janeiro continua e é lindo!!
Afinal,quem é que me mostrou ele pela primeira vez?Besos