O Homer Vitruviano

O Homer Vitruviano
Leonardo quase acertou.

Wel Come Maguila, Mas Manda Flores No Dia Seguinte

Bem-vindos, párias, desgarrados, nerds, loucos de toda espécie ou, caso esse negócio não der certo, boas vindas às minhas demais personalidades. Façam-se ouvir, façam-se sentir, façam-se opinar. E, caso falte energia ou acabe a bateria, faça-se a luz!


quinta-feira, 25 de março de 2010

Armas & Rosas



Demorei uma semana para postar algo sobre o show do Guns´n´Roses no estacionamento da FIERGS em POA, na terça passada. Aliás, incrível isso de já ter passado uma semana do show. O tempo parece que começou a voar de uns anos prá cá. Nada contra. O problema é que a nossa vida vai na carona. Dias confundem-se com semanas, que fundem-se com anos, que por sua vez viram num passe de mágica décadas e por aí vai.

O show da banda de Axl Rose demorou 20 anos para aportar em solo gaudério. Duas décadas inteirinhas. Tempo demais. E o tempo, como as minhas calças cada vez mais justas comprovam, cobra o seu preço. Um preço deveras caro, aliás.

O Guns que vimos e ouvimos há sete dias atrás não é o Guns da época em que eu desfilava pela Independência de cabelo comprido e brincos na orelha. Não é o mesmo de Appetite For Destruction, álbum-petardo que, como bem lembrou my bródi Michel esses dias, parece um hit parade da passagem dos 80´s pros 90`s. Também não é nem a mesma banda que fez showzaços no Rock In Rio II, em 1991, e no Rock In Rio III, em 2001.

Então por quê investir cento e poucos mangos prá ver um gorducho Axl Rose saracotear suado como um porco pelo palco acompanhado por um bando de ilustríssimos estranhos, tirando o Dizzy Reed? Uma banda em que, para suprir a ausência de Slash, foram recrutados nada menos do que TRÊS guitarristas para dar conta de todas as notas?

Essa pergunta o meu Grilo Falante martelava insistentemente na minha cabeçona enquanto eu demorava 3 horas para ir de NH para POA, percurso que normalmente leva menos de uma horinha.

Depois do congestionamento, a fila gigantesca que ia da entrada da FIERGS até quase a Freeway. Coisa de louco. Ou para deixar qualquer um louco.

Depois, outra fila em caracol, seguida de outra fila e, abracadabra, conseguia-se entrar no local do show! Aí era só rezar para não urinar nas calças enquanto encarava outra fila imensa para a meia dúzia de banheiros químicos que colocaram no lugar. Como se não bastasse, mais 40 minutos (QUARENTA FUCKING MINUTOS) para comprar duas latinhas de ceva para não morrer de sede. A organização do show de POA não serve nem para organizar quermesse de final de ano de Igreja Evangélica.

A esta hora (já passando das 22 horas) nenhuma das bandas de abertura tinha dado o ar da graça e a informação era de que Axl e cia. ainda estavam no Rio de Janeiro!!!!

Mas desgraça pouca é bobagem: ainda esperamos mais quatro horas naquele estacionamento, agüentamos a Rosa Tattooada tentar tocar três músicas e quase ser linchada pelo público furioso. Conseguimos comprar cerveja no câmbio negro de um ambulante, por 1/3 do preço do bar, por mais bizarro que isto pareça (e é). Vimos o Sebastian Barbie, quem diria, falar português (só o Mauro Negão entendia o que o alemão falava e poderia enriquecer seguindo a carreira de intérprete do cara) e até apresentar um showzinho honesto. Faltou telão, é verdade, e eu já estava muito mais prá lá do Sri Lanka, mas um showzinho decente, segundo informações colhidas.

Às 10 prás 2 da madrugada, os Guns´n´Roses subiram no palco e o resto, meus caros, é história. Durante pouco mais de duas horas de show, quase 20 mil pessoas foram transportadas para o final da década de 80, sem precisar de um DeLorean nem vestir a jaquetinha laranja do Marty McFly.

Axl é um gordo quase cinquentão, é verdade. Não tem mais o fôlego nem a ginga dos áureos tempos em que a mulherada delirava com as bermudinhas coladas e a barriga de tanquinho. A banda de apoio ao vocalista, contra todos os prognósticos, emula os trejeitos e a sonoridade dos membros originais de maneira bem satisfatória. E a voz do sr. Rosa, se não continua a mesma, provoca um efeito fundamental na platéia: ainda nos faz lembrar de uma era que só sabe apreciar quem viveu, um único frame na história do mundo que definiu uma geração. Só compreende quem estava lá com a idade certa.

O êxtase e a catarse coletiva provocada nos corações dos trintões que lá estavam esperando há tanto tempo (não 4 horas, como noticiaram os jornais, mas 20 anos!) compensou qualquer atraso, toda a maratona, até mesmo a ceva cara.

O show do Guns em POA? Foi do Carvalho! Melhor, só se tivesse acontecido há vinte anos atrás.

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