O Homer Vitruviano

O Homer Vitruviano
Leonardo quase acertou.

Wel Come Maguila, Mas Manda Flores No Dia Seguinte

Bem-vindos, párias, desgarrados, nerds, loucos de toda espécie ou, caso esse negócio não der certo, boas vindas às minhas demais personalidades. Façam-se ouvir, façam-se sentir, façam-se opinar. E, caso falte energia ou acabe a bateria, faça-se a luz!


segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Os Melhores Filmes de 2015: Parte 2 - Os Filmes que passaram no circuito exibidor gaúcho

 
OS FILMES QUE FORMARAM O ROSTO DE 2015 (AOS MEUS OLHOS) 



1 - Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância (Birdman or The Unexpected Virtue Of Ignorance), 2014):  se um filme pudesse ser comparado com uma refeição, Birdman seria aquele banquete gourmet que faz os convivas chamarem o chef ao final da comilança para cumprimentá-lo pela sequência espetacular de pratos exóticos servidos. Tecnicamente de cair o queixo, Birdman foi filmado como um falso plano-sequência cujas emendas são imperceptíveis a olho nu, mas a opção inusitada não tem nada de perfumaria barata: toda a estrutura metalinguística do longa casa com perfeição com a ideia de um plano único de filmagem, como uma peça que vai se desenrolando na tela (a exemplo da montagem teatral que serve de estopim para o roteiro). O que diferencia esse plano-sequência fake de Birdman de outros tantos já vistos na história do Cinema (o mais célebre de todos ainda o de Festim Diabólico, de Hitchcock), no entanto, é a sagacidade com que o diretor de fotografia Emmanuel Lubezki (Gravidade, Filhos da Esperança, A Árvore da Vida) lança mão de recursos tecnológicos de ponta para situar a trama não só em um espaço de tempo estendido de uma semana (e não em tempo real, como se esperaria), mas também rechear a trama com passagens de alucinação que não poupam efeitos especiais digitais e que surpreendentemente se inserem na estrutura de forma orgânica (pensar de que maneira foi conseguida essa façanha é um desafio intelectual e tanto). Porém, se contasse apenas com essa arquitetura técnica impecável, Birdman não seria o filme irresistível e instigante que é. O roteiro, escrito a oito mãos pelo diretor Alejandro González Iñarritu (Amores Brutos, 21 Gramas, Babel e Biutiful), Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris e Armando Bo (também diretor do excelente filme argentino O Último Elvis), é uma conjunção de ótimas ideias que traz um estudo de personagem raro hoje em dia, mas também uma profunda análise sobre a depressão e a necessidade de adoração nos tempos modernos, tudo isso com um senso de humor que ninguém suspeitaria que Iñarritu possuísse (verdade seja dita, seu projeto anterior, Biutiful, é talvez um dos filmes mais depressivos já feitos). Para o resultado tangenciar a perfeição, Iñarritu cercou-se de um elenco que contribui em muito para o realismo mágico e a metalinguagem que sustentam seu projeto. Por isso mesmo, a escolha de Michael Keaton para o papel do protagonista é obviamente perfeita: assim como o seu personagem no longa, o ator viveu o auge da popularidade ao interpretar um super-herói nos cinemas há duas décadas (os dois Batman comandados por Tim Burton) e, após negar-se a participar de uma sequência da mesma franquia, caiu em uma espécie de ostracismo, pelo menos no que diz respeito aos grandes sucessos de público. E Keaton dá show do começo ao fim no que é o melhor papel (e a melhor atuação) de sua carreira. Edward Norton, na pele do ator egocêntrico contratado às pressas (e que também emula a própria persona de seu intérprete, sempre taxado como um sujeito difícil de se trabalhar) para a montagem da peça que poderia servir como redenção para o protagonista, também está sensacional em cena. Aliás, o elenco não tem um só elo frágil: todos estão fantásticos, de Emma Stone a Naomi Watts, de Amy Ryan a um surpreendente Zach Galifianakis, que mostra que por trás do pateta da trilogia Se Beber.. Não Case existe um ator talentoso. Mesmo assim, é Keaton o dono da bola durante todo o projeto, que parece orbitar em volta de seu personagem (a impagável trilha de bateria, que transparece a ansiedade do protagonista, parece ter sido tocada pelo personagem de Miles Teller em Whiplash). Para completar, o final ambíguo, que dá margem a infinitas interpretações, mas que é de uma beleza raríssima, é a azeitona do dry Martini digestivo que encerra esse banquete cinematográfico.

2 - Cassia Eller (Cassia Eller, 2015): não posso ser considerado um fã do trabalho de Cassia Eller, mas depois de assistir a esse impecável documentário sobre sua vida, sou capaz de me tornar um grande apreciador do trabalho da cantora. Muito além de uma biografia esquemática sobre a vida e a morte da intérprete, o que Paulo Henrique Fontenelle faz aqui é Cinema de primeira grandeza, um verdadeiro mergulho dentro da persona de sua biografada e que escapa a todo instante das amarras formais do registro documental (e é especialmente difícil imaginar uma cinebiografia ficcional que soe satisfatória depois de assistir ao longa). Fontenelle utiliza a mesma técnica impressionante que utilizou no sensacional Dossiê Jango, seu longa anterior, para dar vida a fotografias antigas, que são transformadas, com o uso da tecnologia, em quadros em movimento, a essência do Cinema per se. Essa opção em tornar mesmo os registros estáticos em cenas em constante movimento dá ao filme uma constante fluidez imagética, o que se traduz em uma obra a que se assiste com voracidade e ansiedade. Há uma preocupação inegável em nunca relegar Cassia Eller a uma figura bidimensional, o que a própria trajetória musical da intérprete parece contribuir (cada disco lançado representava um lado totalmente diverso de sua personalidade). E as sequências que retratam a maternidade e a disputa judicial pela guarda do filho após sua morte são tão tocantes que me levaram às lágrimas mesmo após o filme terminar. Um trabalho de mestre.

3 - Corrente do Mal (It Follows, 2014): disparado um dos melhores e mais originais exemplares do gênero terror dos últimos anos, é um filme que prende a atenção pelo climão perfeito que imprime a cada fotograma desde a belíssima (e intrigante) primeira sequência. Abusando de panorâmicas que lentamente revelam o terror à espreita dos protagonistas, é uma obra que introduz um vilão sem face e com potencial para virar personagem icônico dentro do gênero, ao passo que homenageia produções do passado através de sua ambientação atemporal, em que tablets e celulares dividem espaço com televisores de tubo e cinemas de rua. A trilha sonora composta inteiramente com sintetizadores remete diretamente às melhores produções de terror dos anos 80, principalmente as assinadas pelo mestre John Carpenter. Uma grande surpresa vinda de um diretor e roteirista (David Robert Mitchell) que, a partir daqui, merece toda a atenção possível.

4 - Divertida Mente (Inside Out, 2015): a volta da Pixar à sua melhor forma. Muito mais do que uma animação infantil, é uma produção ambiciosa que resgata da psicanálise os conceitos para conceber o mundo fantástico que o roteiro (irrepreensível, para dizer o mínimo) criou para dar vida às emoções que regem o comportamento da pré-adolescente Riley. Inventivo, com um visual de cair o queixo e repleto de personagens adoráveis (a Tristeza, dublada no original por Phillys Smith, do seriado The Office, é um achado), Divertida Mente é o longa que revive toda a mágica e o encantamento que a Pixar, por mais de uma década, insistia em reproduzir com resultados impecáveis na tela até ser adquirida pela Disney, o que imprimiu aos filmes com o seu selo uma queda de qualidade inegável (Carros 2, Valente, Universidade Monstro). Muito mais do que um mero entretenimento infanto-juvenil, Divertida Mente introduz, no arco dramático de seus protagonistas, uma mensagem ousada e inteligente: a de que a tristeza, em doses adequadas, é fundamental em nossas vidas. E, de quebra, é um filme que consegue emocionar até o mais durão dos espectadores (o diretor, vale lembrar, é o mesmo de Up - Altas Aventuras, que já arrancara lágrimas instantâneas de todo mundo). Afinal de contas, seu cerne envolve algo por qual todos nós passamos: as agruras do amadurecimento e a dureza que é abandonar a fase mais feliz de nossas vidas. Um assunto tocante por si só e que é encenado com maturidade e delicadeza aqui.

5 - Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road, 2015): aos recém completados 70 anos e três décadas depois de dirigir Mad Max - Além da Cúpula do Trovão, o cineasta George Miller retoma uma franquia querida para os cinéfilos oitentistas e, de lambuja, dá uma aula magna de cinema para as novas gerações, humilhando os diretores modernos ao demonstrar didaticamente como é que se filma um arrasa-quarteirão de raiz. Acertadamente surtada e enlouquecida, a quarta aventura do personagem-título faz jus a tanto tempo de espera e consegue a proeza de não frustrar as expectativas altíssimas que os impecáveis trailers haviam antecipado. Mad Max: Estrada da Fúria é uma produção alienígena no cenário atual das superproduções. Isto porque a opção de Miller em reduzir ao mínimo os efeitos digitais e investir o orçamento todo em cenas de ação rodadas com veículos e dublês se arrebentando na tela o diferencia de todo e qualquer blockbuster visto nas duas últimas décadas. É um retorno ao cinema-pipoca de antigamente e isso escapa da tela e explode no rosto do público (principalmente se visto na tela gigante e com o som ensurdecedor da sala IMAX, o modo perfeito de se desfrutar o filme por completo). O espetáculo visual e sensorial comandado por George Miller é daquela estirpe que já nasce clássica. É um filme para ser visto e revisto através do tempo, um tour-de-force de cenas grandiosas magnificamente orquestrado pelo diretor australiano. Escrito como uma longa e praticamente ininterrupta cena de perseguição, o roteiro, povoado por silêncios e econômico nos diálogos, consegue transcender o gênero da ação descerebrada ao incluir furtivamente questões pertinentes e contemporâneas (a degradação do ecossistema sendo a mais óbvia, mas seguida de perto pela crítica ao fanatismo religioso e o papel da mulher na sociedade moderna). E mesmo que Tom Hardy talvez não consiga corresponder devidamente ao personagem imortalizado por Mel Gibson, a opção de tornar Max praticamente um coadjuvante na jornada da excepcional personagem de Charlize Theron (ótima em cena) mais do que compensa qualquer fragilidade na comparação com o ator anterior. Fotografado por John Seale (Sociedade dos Poetas Mortos) com uma paleta de cores que alterna entre a luminosidade quente das cenas rodadas durante o dia e uma aura azulada que remete a sonhos durante as sequências noturnas, o longa é visualmente deslumbrante. A frase que acompanha os cartazes promocionais resume bem a experiência de assistir ao filme: "What a lovely day".

6 - O Sal da Terra (The Salt Of The Earth, 2014): assim como o seu conterrâneo Werner Herzog (O Homem Urso, A Caverna dos Sonhos Esquecidos), Wim Wenders soube se reinventar como diretor de documentários sensacionais, engrandecendo o currículo com Pina (2011) e este aqui. Codirigido por Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, o filho do biografado (o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado), é um filme que, apesar de feito a quatro mãos, deixa transparecer no ritmo contemplativo e nas digressões por vezes filosóficas a autoralidade do cineasta alemão. Transpor para a tela em cerca de 120 minutos as verdadeiras epopeias vividas por Salgado ao longo da carreira seria tarefa das mais inglórias se não fosse a boa carpintaria narrativa de Wenders, que consegue enxergar não só um tema, mas um arco dramático a ser seguido no trabalho de Sebastião ao longo de sua carreira. Plasticamente irretocável, com o preto e branco expressivo das fotografias sendo aqui e ali intercalado com imagens cujas cores vibrantes servem para desenvolver a temática do roteiro, é um daqueles documentários de encher os olhos e aquecer o coração. O "turning point" encontrado para ilustrar a disparidade entre o penúltimo e o último trabalho de Salgado é de uma precisão que beira a genialidade. Além de colocar na devida perspectiva o trabalho de um mestre da fotografia, ainda é um filme que transborda emoção. Imperdível.

7 - Perdido Em Marte (The Martian, 2015): que coisa boa presenciar o reencontro de um grande diretor com o sucesso que há anos lhe escapava pelas mãos. Ridley Scott volta ao gênero da ficção científica com um blockbuster irretocável, um filme tão divertido que, no acender das luzes do cinema, a vontade é de começar tudo de novo. Ópera espacial que ganha um surpreendente bom-humor nas mãos de Scott e de seu protagonista Matt Damon, Perdido Em Marte, longe de ser o "Náufrago no Espaço" que prometia, é uma produção que abraça como muito poucas antes o conceito de entretenimento. Tudo é luminoso no filme, da personalidade cativante e positiva de seu personagem principal até as reações de seus conterrâneos ao moverem mundos e fundos para o seu resgate. Uma verdadeira ode à Ciência e ao humanismo, o roteiro é uma aula magna de como construir uma trama com inteligência e sem nunca cair nos clichês rasteiros ou no sentimentalismo barato. Com um elenco espetacular, Perdido Em Marte é um longa cuja fruição é um deleite para todos os sentidos (o uso esperto da trilha sonora setentista é um de seus muitos achados, assim como a fotografia deslumbrante), bem como um caso raro de superprodução que preza a inteligência de seus personagens e nunca escorrega para o misticismo popularesco. Para resgatar um pouco de esperança na humanidade (e, vá lá, em Hollywood também).

8 - Que Horas Ela Volta? (2015): junto com Trabalhar Cansa (2011) e O Som Ao Redor (2012), forma uma trilogia irrepreensível sobre a moderna classe média alta brasileira, mas Que Horas Ela Volta? consegue ir ainda mais longe em sua capacidade de comunicação também com a parcela do público que critica (e as risadas rasgadas ouvidas em uma sessão do filme em qualquer multiplex revelam a mais completa ignorância de seu alvo em relação ao que está de fato sendo mostrado na tela, o que por si só já dá margem a um estudo social a parte). É essa versatilidade narrativa que atrai tanto a platéia afeita a produtos com substância intelectual (o que o filme tem de sobra) quanto o público médio, que se diverte com as tiradas inspiradas do roteiro, que faz da produção um dos melhores exemplares da cinematografia brazuca recente. Um filme com uma pegada feminina precisa que comprova a excelência de Anna Muylaert (Durval Discos, É Proibido Fumar) como narradora de histórias, mas também revela um elenco coadjuvante excelente: Camila Márdila e Karine Teles estão impecáveis, ao passo que o autor/quadrinista/ator Lourenço Mutarelli compõe um personagem que navega de forma precisa entre a apatia e o quase autismo de seu patriarca. Sem falar que Regina Casé, após anos nos fazendo esquecer de seu talento dramático em programas como o Esquenta, da  Globo, entrega uma performance plenamente laureável como a protagonista Val, ressuscitando uma carreira que já mostrara a que veio nos tempos da TV Pirata e de Eu, Tu, Eles (a versatilidade com que combina drama e comédia às vezes na mesma cena é algo espantoso). Que Horas Ela Volta? não só agrada àqueles que buscam uma boa comédia (muitas passagens guardam um timing cômico irresistível), como entrega um estudo crítico que escancara toda a disparidade social ainda existente no Brasil, muitas vezes evidenciada em microcosmos improváveis como a casa de uma família tida como liberal. As sequências cômicas presentes em Que Horas Ela Volta? guardam em si um gosto amargo na boca de quem realmente compreende o que o filme tem a dizer. Porque é um espelho e somos nós mesmos refletidos naquela imagem disforme. Um filme essencial. Meeeeesmo.

9 - Star Wars: O Despertar da Força (Star Wars: The Force Awakens, 2015): talvez o filme que gerou mais expectativas por uma legião de fãs nas últimas duas décadas (o que geralmente é péssimo sinal para a recepção pós-lançamento), essa continuação direta de O Retorno de Jedi pelas mãos habilidosas de J. J. Abrams, que já reinventara outra franquia adorada por seguidores fanáticos (Jornada Nas Estrelas), é justamente o espetáculo cinematográfico que todos os órfãos da trilogia clássica de Star Wars mereciam. A equivocada trilogia prequel comandada por George Lucas na década passada, a partir desse finalzinho de 2015, conseguiu descer alguns degraus na memória dos fãs. Afinal, tudo o que deu errado na tentativa frustrada de Lucas em reviver a magia dos longas da década de 80 (o excesso de efeitos digitais, o humor infantil, a trama novelesca, os personagens nada memoráveis defendidos por um elenco cheio de atores mal escalados) é evitado por Abrams aqui. O diretor consegue ao mesmo tempo respeitar e reinventar a franquia para as novas gerações, apresentando um punhado de novos e adoráveis protagonistas (Rey, Finn, Poe Dameron, BB8) e resgatando aqueles de quem todo o cinéfilo que cresceu nos anos 80 sentia falta (e que sensação boa é perceber que a dobradinha entre Han Solo e Chewbacca permanece tão bem azeitada quanto a última vez em que os vimos juntos na tela). Mesmo com a reiteração excessiva da estrutura de Uma Nova Esperança (de longe, o maior e um dos únicos pecados do filme), o roteiro escrito por Lawrence Kasdan (responsável pelo texto de Os Caçadores da Arca Perdida, O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi), Michael Arndt (Toy Story 3) e pelo próprio Abrams é eficaz em equilibrar em cena os velhos e os novos protagonistas, dando espaço para que todo o elenco tenha oportunidade de brilhar em cena. É a mão de J. J. Abrams, no entanto, que permeia todo o longa. E é fácil perceber como sua veneração pela trilogia original transparece na tela. Da opção pelos efeitos especiais práticos e de maquiagem em detrimento dos digitais até o resgate do mesmíssimo clima de encantamento e fantasia dos filmes originais, O Despertar da Força é uma superprodução feita por e para fãs. Destaque-se também a ousadia na aposta em finalmente dar o protagonismo de uma superprodução a minorias que nunca se vêem adequadamente representadas por Hollywood: uma mulher (Daisy Ridley, a melhor descoberta dos últimos anos, que rouba a cena e nos apaixona instantaneamente por sua personagem, que foge do estereótipo martelado pelo cinema americano), um negro (o ótimo John Boyega, de Ataque Ao Prédio) e um latino (o sempre eficiente Oscar Isaac). Para completar, o novo vilão (Adam Driver, do seriado Girls) ganha um arco dramático genial que transforma o personagem ao longo da projeção e o estabelece, ao final do filme, como uma promessa de antagonista muito promissor para os próximos capítulos da saga ("aquela" cena principal do filme é emblemática para essa transição e conduzida com maestria por Abrams). A última cena é tão bela quanto evocativa do que essa retomada representa para um fã de Guerra Nas Estrelas: a sensação de reencontro juntamente com a de término e recomeço de ciclos. E uma puta vontade de rever o filme e automaticamente se teletransportar para 2017, quando chega às telas o episódio 8.

10 - Whiplash - Em Busca da Perfeição (Whiplash, 2014): ao final da sessão em que assisti a esse sensacional Whiplash, o público aplaudiu acaloradamente a produção. E eu quase levantei para bater palmas de pé, como eu aprendi quando criança que manda a etiqueta no caso de se estar assistindo a alguma obra espetacular. O filme é um triunfo da Sétima Arte que faz de um estudo de personagens focado no limite entre o bullying e o ensinamento soar como uma ópera clássica para o público. Contando com um elenco irrepreensível (J. K. Simmons merece, sim, arrecadar todos os prêmios que lhe surjam pela frente) e um trabalho de edição memorável (só a sequência final deveria ser laureada por qualquer agremiação de votantes), Whiplash é aquela produção independente que não vai levar para casa o Oscar exclusivamente por sua falta de pretensão. O resultado, pelo contrário, é de uma eficiência ímpar. Amantes de jazz ou não, é difícil (muito difícil), sobreviver à sua metragem sem se identificar com o novato Miles Teller (O Maravilhoso Agora, Finalmente 18, Divergente) e sua relação de amor e ódio com o professor interpretado de forma visceral por Simmons. A cena final deveria ficar gravada entre os melhores momentos do Cinema nas últimas décadas. Recomendação máxima.

Outros 20 títulos que por um triz não entraram na lista e merecem ser conferidos:

1 - A Espiã Que Sabia de Menos (Spy, 2015)
2 - A Travessia (The Walk, 2015)
3 - Corações de Ferro (Fury, 2014)
4 - Enquanto Somos Jovens (While We´re Young, 2014)
5 - Entre Abelhas (2015)
6 - Foxcatcher: Uma História Que Chocou O Mundo (Foxcatcher, 2014)
7 - Kingsman: Serviço Secreto (Kingsman: The Secret Service, 2014)
8 - Livre (Wild, 2014)
9 - Macbeth: Ambição e Guerra (Macbeth, 2015)
10 - Miss Violence (Miss Violence, 2013)
11 - Missão: Impossível - Nação Secreta (Mission: Impossible - Rogue Nation, 2015)
12 - O Ano Mais Violento (A Most Violent Year, 2014)
13 - O Clã (El Clan, 2015)
14 - Ponte dos Espiões (Bridge Of Spies, 2015)
15 - Samba (Samba, 2014)
16 - Selma: Uma Luta Pela Igualdade (Selma, 2014)
17 - Shaun, O Carneiro (Shaun, The Sheep, 2015)
18 - Sicario: Terra de Ninguém (Sicario, 2015)
19 - Um Santo Vizinho (St. Vincent, 2014)
20 - Victoria (Victoria, 2015)

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