OS FILMES QUE FORMARAM O ROSTO DE 2015 (AOS MEUS OLHOS)
1 - Birdman ou A Inesperada Virtude
da Ignorância (Birdman or The Unexpected Virtue Of Ignorance), 2014): se um filme pudesse ser
comparado com uma refeição, Birdman seria aquele banquete gourmet que faz os
convivas chamarem o chef ao final da comilança para cumprimentá-lo pela
sequência espetacular de pratos exóticos servidos. Tecnicamente de cair o
queixo, Birdman foi filmado como um falso plano-sequência cujas emendas são
imperceptíveis a olho nu, mas a opção inusitada não tem nada de perfumaria
barata: toda a estrutura metalinguística do longa casa com perfeição com a
ideia de um plano único de filmagem, como uma peça que vai se desenrolando na
tela (a exemplo da montagem teatral que serve de estopim para o roteiro). O que
diferencia esse plano-sequência fake de Birdman de outros tantos já vistos na
história do Cinema (o mais célebre de todos ainda o de Festim Diabólico, de
Hitchcock), no entanto, é a sagacidade com que o diretor de fotografia Emmanuel
Lubezki (Gravidade, Filhos da Esperança, A Árvore da Vida) lança mão de
recursos tecnológicos de ponta para situar a trama não só em um espaço de tempo
estendido de uma semana (e não em tempo real, como se esperaria), mas também
rechear a trama com passagens de alucinação que não poupam efeitos especiais
digitais e que surpreendentemente se inserem na estrutura de forma orgânica (pensar
de que maneira foi conseguida essa façanha é um desafio intelectual e tanto).
Porém, se contasse apenas com essa arquitetura técnica impecável, Birdman não
seria o filme irresistível e instigante que é. O roteiro, escrito a oito mãos
pelo diretor Alejandro González Iñarritu (Amores Brutos, 21 Gramas, Babel e
Biutiful), Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris e Armando Bo (também diretor
do excelente filme argentino O Último Elvis), é uma conjunção de ótimas ideias
que traz um estudo de personagem raro hoje em dia, mas também uma profunda
análise sobre a depressão e a necessidade de adoração nos tempos modernos, tudo
isso com um senso de humor que ninguém suspeitaria que Iñarritu possuísse
(verdade seja dita, seu projeto anterior, Biutiful, é talvez um dos filmes mais
depressivos já feitos). Para o resultado tangenciar a perfeição, Iñarritu
cercou-se de um elenco que contribui em muito para o realismo mágico e a
metalinguagem que sustentam seu projeto. Por isso mesmo, a escolha de Michael
Keaton para o papel do protagonista é obviamente perfeita: assim como o seu
personagem no longa, o ator viveu o auge da popularidade ao interpretar um
super-herói nos cinemas há duas décadas (os dois Batman comandados por Tim
Burton) e, após negar-se a participar de uma sequência da mesma franquia, caiu
em uma espécie de ostracismo, pelo menos no que diz respeito aos grandes
sucessos de público. E Keaton dá show do começo ao fim no que é o melhor papel
(e a melhor atuação) de sua carreira. Edward Norton, na pele do ator egocêntrico
contratado às pressas (e que também emula a própria persona de seu intérprete,
sempre taxado como um sujeito difícil de se trabalhar) para a montagem da peça
que poderia servir como redenção para o protagonista, também está sensacional
em cena. Aliás, o elenco não tem um só elo frágil: todos estão fantásticos, de
Emma Stone a Naomi Watts, de Amy Ryan a um surpreendente Zach Galifianakis, que
mostra que por trás do pateta da trilogia Se Beber.. Não Case existe um ator
talentoso. Mesmo assim, é Keaton o dono da bola durante todo o projeto, que
parece orbitar em volta de seu personagem (a impagável trilha de bateria, que
transparece a ansiedade do protagonista, parece ter sido tocada pelo personagem
de Miles Teller em Whiplash). Para completar, o final ambíguo, que dá margem a
infinitas interpretações, mas que é de uma beleza raríssima, é a azeitona do
dry Martini digestivo que encerra esse banquete cinematográfico.
2 - Cassia Eller (Cassia Eller,
2015): não
posso ser considerado um fã do trabalho de Cassia Eller, mas depois de assistir
a esse impecável documentário sobre sua vida, sou capaz de me tornar um grande
apreciador do trabalho da cantora. Muito além de uma biografia esquemática
sobre a vida e a morte da intérprete, o que Paulo Henrique Fontenelle faz aqui
é Cinema de primeira grandeza, um verdadeiro mergulho dentro da persona de sua
biografada e que escapa a todo instante das amarras formais do registro
documental (e é especialmente difícil imaginar uma cinebiografia ficcional que
soe satisfatória depois de assistir ao longa). Fontenelle utiliza a mesma
técnica impressionante que utilizou no sensacional Dossiê Jango, seu longa
anterior, para dar vida a fotografias antigas, que são transformadas, com o uso
da tecnologia, em quadros em movimento, a essência do Cinema per se.
Essa opção em tornar mesmo os registros estáticos em cenas em constante
movimento dá ao filme uma constante fluidez imagética, o que se traduz em uma
obra a que se assiste com voracidade e ansiedade. Há uma preocupação inegável
em nunca relegar Cassia Eller a uma figura bidimensional, o que a própria
trajetória musical da intérprete parece contribuir (cada disco lançado
representava um lado totalmente diverso de sua personalidade). E as sequências
que retratam a maternidade e a disputa judicial pela guarda do filho após sua
morte são tão tocantes que me levaram às lágrimas mesmo após o filme terminar.
Um trabalho de mestre.
3 - Corrente do Mal (It Follows,
2014):
disparado um dos melhores e mais originais exemplares do gênero terror dos últimos
anos, é um filme que prende a atenção pelo climão perfeito que imprime a cada
fotograma desde a belíssima (e intrigante) primeira sequência. Abusando de
panorâmicas que lentamente revelam o terror à espreita dos protagonistas, é uma
obra que introduz um vilão sem face e com potencial para virar personagem
icônico dentro do gênero, ao passo que homenageia produções do passado através
de sua ambientação atemporal, em que tablets e celulares dividem espaço com
televisores de tubo e cinemas de rua. A trilha sonora composta inteiramente com
sintetizadores remete diretamente às melhores produções de terror dos anos 80,
principalmente as assinadas pelo mestre John Carpenter. Uma grande surpresa
vinda de um diretor e roteirista (David Robert Mitchell) que, a partir daqui,
merece toda a atenção possível.
4 - Divertida Mente (Inside Out,
2015): a
volta da Pixar à sua melhor forma. Muito mais do que uma animação infantil, é
uma produção ambiciosa que resgata da psicanálise os conceitos para conceber o
mundo fantástico que o roteiro (irrepreensível, para dizer o mínimo) criou para
dar vida às emoções que regem o comportamento da pré-adolescente Riley.
Inventivo, com um visual de cair o queixo e repleto de personagens adoráveis (a
Tristeza, dublada no original por Phillys Smith, do seriado The Office, é um
achado), Divertida Mente é o longa que revive toda a mágica e o encantamento
que a Pixar, por mais de uma década, insistia em reproduzir com resultados
impecáveis na tela até ser adquirida pela Disney, o que imprimiu aos filmes com
o seu selo uma queda de qualidade inegável (Carros 2, Valente, Universidade
Monstro). Muito mais do que um mero entretenimento infanto-juvenil, Divertida
Mente introduz, no arco dramático de seus protagonistas, uma mensagem ousada e
inteligente: a de que a tristeza, em doses adequadas, é fundamental em nossas
vidas. E, de quebra, é um filme que consegue emocionar até o mais durão dos
espectadores (o diretor, vale lembrar, é o mesmo de Up - Altas Aventuras, que
já arrancara lágrimas instantâneas de todo mundo). Afinal de contas, seu cerne
envolve algo por qual todos nós passamos: as agruras do amadurecimento e a
dureza que é abandonar a fase mais feliz de nossas vidas. Um assunto tocante
por si só e que é encenado com maturidade e delicadeza aqui.
5 - Mad Max: Estrada da Fúria (Mad
Max: Fury Road, 2015):
aos recém completados 70 anos e três décadas depois de dirigir Mad Max - Além
da Cúpula do Trovão, o cineasta George Miller retoma uma franquia querida para
os cinéfilos oitentistas e, de lambuja, dá uma aula magna de cinema para as
novas gerações, humilhando os diretores modernos ao demonstrar didaticamente
como é que se filma um arrasa-quarteirão de raiz. Acertadamente surtada e
enlouquecida, a quarta aventura do personagem-título faz jus a tanto tempo de
espera e consegue a proeza de não frustrar as expectativas altíssimas que os
impecáveis trailers haviam antecipado. Mad Max: Estrada da Fúria é uma produção
alienígena no cenário atual das superproduções. Isto porque a opção de Miller em
reduzir ao mínimo os efeitos digitais e investir o orçamento todo em cenas de
ação rodadas com veículos e dublês se arrebentando na tela o diferencia de todo
e qualquer blockbuster visto nas duas últimas décadas. É um retorno ao
cinema-pipoca de antigamente e isso escapa da tela e explode no rosto do
público (principalmente se visto na tela gigante e com o som ensurdecedor da
sala IMAX, o modo perfeito de se desfrutar o filme por completo). O espetáculo
visual e sensorial comandado por George Miller é daquela estirpe que já nasce
clássica. É um filme para ser visto e revisto através do tempo, um
tour-de-force de cenas grandiosas magnificamente orquestrado pelo diretor
australiano. Escrito como uma longa e praticamente ininterrupta cena de
perseguição, o roteiro, povoado por silêncios e econômico nos diálogos,
consegue transcender o gênero da ação descerebrada ao incluir furtivamente
questões pertinentes e contemporâneas (a degradação do ecossistema sendo a mais
óbvia, mas seguida de perto pela crítica ao fanatismo religioso e o papel da
mulher na sociedade moderna). E mesmo que Tom Hardy talvez não consiga
corresponder devidamente ao personagem imortalizado por Mel Gibson, a opção de
tornar Max praticamente um coadjuvante na jornada da excepcional personagem de
Charlize Theron (ótima em cena) mais do que compensa qualquer fragilidade na
comparação com o ator anterior. Fotografado por John Seale (Sociedade dos
Poetas Mortos) com uma paleta de cores que alterna entre a luminosidade quente
das cenas rodadas durante o dia e uma aura azulada que remete a sonhos durante
as sequências noturnas, o longa é visualmente deslumbrante. A frase que
acompanha os cartazes promocionais resume bem a experiência de assistir ao
filme: "What a lovely day".
6 - O
Sal da Terra (The Salt Of The Earth, 2014): assim
como o seu conterrâneo Werner Herzog (O Homem Urso, A Caverna dos Sonhos
Esquecidos), Wim Wenders soube se reinventar como diretor de documentários
sensacionais, engrandecendo o currículo com Pina (2011) e este aqui. Codirigido
por Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, o filho do biografado (o fotógrafo
brasileiro Sebastião Salgado), é um filme que, apesar de feito a quatro mãos,
deixa transparecer no ritmo contemplativo e nas digressões por vezes
filosóficas a autoralidade do cineasta alemão. Transpor para a tela em cerca de
120 minutos as verdadeiras epopeias vividas por Salgado ao longo da carreira
seria tarefa das mais inglórias se não fosse a boa carpintaria narrativa de
Wenders, que consegue enxergar não só um tema, mas um arco dramático a ser
seguido no trabalho de Sebastião ao longo de sua carreira. Plasticamente
irretocável, com o preto e branco expressivo das fotografias sendo aqui e ali
intercalado com imagens cujas cores vibrantes servem para desenvolver a
temática do roteiro, é um daqueles documentários de encher os olhos e aquecer o
coração. O "turning point" encontrado para ilustrar a disparidade
entre o penúltimo e o último trabalho de Salgado é de uma precisão que beira a
genialidade. Além de colocar na devida perspectiva o trabalho de um mestre da
fotografia, ainda é um filme que transborda emoção. Imperdível.
7 - Perdido Em Marte (The Martian,
2015):
que coisa boa presenciar o reencontro de um grande diretor com o sucesso que há
anos lhe escapava pelas mãos. Ridley Scott volta ao gênero da ficção científica
com um blockbuster irretocável, um filme tão divertido que, no acender das
luzes do cinema, a vontade é de começar tudo de novo. Ópera espacial que ganha
um surpreendente bom-humor nas mãos de Scott e de seu protagonista Matt Damon,
Perdido Em Marte, longe de ser o "Náufrago no Espaço" que prometia, é
uma produção que abraça como muito poucas antes o conceito de entretenimento.
Tudo é luminoso no filme, da personalidade cativante e positiva de seu personagem
principal até as reações de seus conterrâneos ao moverem mundos e fundos para o
seu resgate. Uma verdadeira ode à Ciência e ao humanismo, o roteiro é uma aula
magna de como construir uma trama com inteligência e sem nunca cair nos clichês
rasteiros ou no sentimentalismo barato. Com um elenco espetacular, Perdido Em
Marte é um longa cuja fruição é um deleite para todos os sentidos (o uso
esperto da trilha sonora setentista é um de seus muitos achados, assim como a
fotografia deslumbrante), bem como um caso raro de superprodução que preza a
inteligência de seus personagens e nunca escorrega para o misticismo
popularesco. Para resgatar um pouco de esperança na humanidade (e, vá lá, em
Hollywood também).
8 - Que Horas Ela Volta? (2015): junto com Trabalhar Cansa (2011)
e O Som Ao Redor (2012), forma uma trilogia irrepreensível sobre a moderna
classe média alta brasileira, mas Que Horas Ela Volta? consegue ir ainda mais
longe em sua capacidade de comunicação também com a parcela do público que
critica (e as risadas rasgadas ouvidas em uma sessão do filme em qualquer
multiplex revelam a mais completa ignorância de seu alvo em relação ao que está
de fato sendo mostrado na tela, o que por si só já dá margem a um estudo social
a parte). É essa versatilidade narrativa que atrai tanto a platéia afeita a
produtos com substância intelectual (o que o filme tem de sobra) quanto o
público médio, que se diverte com as tiradas inspiradas do roteiro, que faz da
produção um dos melhores exemplares da cinematografia brazuca recente. Um filme
com uma pegada feminina precisa que comprova a excelência de Anna Muylaert
(Durval Discos, É Proibido Fumar) como narradora de histórias, mas também
revela um elenco coadjuvante excelente: Camila Márdila e Karine Teles estão
impecáveis, ao passo que o autor/quadrinista/ator Lourenço Mutarelli compõe um
personagem que navega de forma precisa entre a apatia e o quase autismo de seu
patriarca. Sem falar que Regina Casé, após anos nos fazendo esquecer de seu
talento dramático em programas como o Esquenta, da Globo, entrega uma
performance plenamente laureável como a protagonista Val, ressuscitando uma
carreira que já mostrara a que veio nos tempos da TV Pirata e de Eu, Tu, Eles
(a versatilidade com que combina drama e comédia às vezes na mesma cena é algo
espantoso). Que Horas Ela Volta? não só agrada àqueles que buscam uma boa
comédia (muitas passagens guardam um timing cômico irresistível), como entrega
um estudo crítico que escancara toda a disparidade social ainda existente no
Brasil, muitas vezes evidenciada em microcosmos improváveis como a casa de uma
família tida como liberal. As sequências cômicas presentes em Que Horas Ela
Volta? guardam em si um gosto amargo na boca de quem realmente compreende o que
o filme tem a dizer. Porque é um espelho e somos nós mesmos refletidos naquela
imagem disforme. Um filme essencial. Meeeeesmo.
9 - Star Wars: O Despertar da Força
(Star Wars: The Force Awakens, 2015): talvez o filme que gerou mais
expectativas por uma legião de fãs nas últimas duas décadas (o que geralmente é
péssimo sinal para a recepção pós-lançamento), essa continuação direta de O
Retorno de Jedi pelas mãos habilidosas de J. J. Abrams, que já reinventara
outra franquia adorada por seguidores fanáticos (Jornada Nas Estrelas), é
justamente o espetáculo cinematográfico que todos os órfãos da trilogia
clássica de Star Wars mereciam. A equivocada trilogia prequel comandada
por George Lucas na década passada, a partir desse finalzinho de 2015,
conseguiu descer alguns degraus na memória dos fãs. Afinal, tudo o que deu
errado na tentativa frustrada de Lucas em reviver a magia dos longas da década
de 80 (o excesso de efeitos digitais, o humor infantil, a trama novelesca, os
personagens nada memoráveis defendidos por um elenco cheio de atores mal
escalados) é evitado por Abrams aqui. O diretor consegue ao mesmo tempo
respeitar e reinventar a franquia para as novas gerações, apresentando um
punhado de novos e adoráveis protagonistas (Rey, Finn, Poe Dameron, BB8) e
resgatando aqueles de quem todo o cinéfilo que cresceu nos anos 80 sentia falta
(e que sensação boa é perceber que a dobradinha entre Han Solo e Chewbacca
permanece tão bem azeitada quanto a última vez em que os vimos juntos na tela).
Mesmo com a reiteração excessiva da estrutura de Uma Nova Esperança (de longe,
o maior e um dos únicos pecados do filme), o roteiro escrito por Lawrence
Kasdan (responsável pelo texto de Os Caçadores da Arca Perdida, O Império
Contra-Ataca e O Retorno de Jedi), Michael Arndt (Toy Story 3) e pelo próprio
Abrams é eficaz em equilibrar em cena os velhos e os novos protagonistas, dando
espaço para que todo o elenco tenha oportunidade de brilhar em cena. É a mão de
J. J. Abrams, no entanto, que permeia todo o longa. E é fácil perceber como sua
veneração pela trilogia original transparece na tela. Da opção pelos efeitos
especiais práticos e de maquiagem em detrimento dos digitais até o resgate do
mesmíssimo clima de encantamento e fantasia dos filmes originais, O Despertar
da Força é uma superprodução feita por e para fãs. Destaque-se também a ousadia
na aposta em finalmente dar o protagonismo de uma superprodução a minorias que
nunca se vêem adequadamente representadas por Hollywood: uma mulher (Daisy
Ridley, a melhor descoberta dos últimos anos, que rouba a cena e nos apaixona
instantaneamente por sua personagem, que foge do estereótipo martelado pelo
cinema americano), um negro (o ótimo John Boyega, de Ataque Ao Prédio) e um
latino (o sempre eficiente Oscar Isaac). Para completar, o novo vilão (Adam
Driver, do seriado Girls) ganha um arco dramático genial que transforma o
personagem ao longo da projeção e o estabelece, ao final do filme, como uma
promessa de antagonista muito promissor para os próximos capítulos da saga
("aquela" cena principal do filme é emblemática para essa transição e
conduzida com maestria por Abrams). A última cena é tão bela quanto evocativa
do que essa retomada representa para um fã de Guerra Nas Estrelas: a sensação
de reencontro juntamente com a de término e recomeço de ciclos. E uma puta
vontade de rever o filme e automaticamente se teletransportar para 2017, quando
chega às telas o episódio 8.
10 - Whiplash - Em Busca da Perfeição
(Whiplash, 2014):
ao final da sessão em que assisti a esse sensacional Whiplash, o público
aplaudiu acaloradamente a produção. E eu quase levantei para bater palmas de
pé, como eu aprendi quando criança que manda a etiqueta no caso de se estar
assistindo a alguma obra espetacular. O filme é um triunfo da Sétima Arte que
faz de um estudo de personagens focado no limite entre o bullying e o
ensinamento soar como uma ópera clássica para o público. Contando com um elenco
irrepreensível (J. K. Simmons merece, sim, arrecadar todos os prêmios que lhe
surjam pela frente) e um trabalho de edição memorável (só a sequência final
deveria ser laureada por qualquer agremiação de votantes), Whiplash é aquela
produção independente que não vai levar para casa o Oscar exclusivamente por
sua falta de pretensão. O resultado, pelo contrário, é de uma eficiência ímpar.
Amantes de jazz ou não, é difícil (muito difícil), sobreviver à sua metragem
sem se identificar com o novato Miles Teller (O Maravilhoso Agora, Finalmente
18, Divergente) e sua relação de amor e ódio com o professor interpretado de
forma visceral por Simmons. A cena final deveria ficar gravada entre os
melhores momentos do Cinema nas últimas décadas. Recomendação máxima.
Outros
20 títulos que por um triz não entraram na lista e merecem ser conferidos:
1 - A Espiã Que Sabia de Menos (Spy, 2015)
2 - A Travessia (The Walk, 2015)
3 - Corações de Ferro (Fury, 2014)
4 - Enquanto Somos Jovens (While We´re Young, 2014)
5 - Entre Abelhas (2015)
6 - Foxcatcher: Uma História Que Chocou O Mundo
(Foxcatcher, 2014)
7 - Kingsman: Serviço Secreto (Kingsman: The Secret
Service, 2014)
8 - Livre (Wild, 2014)
9 - Macbeth: Ambição e Guerra (Macbeth, 2015)
10 - Miss Violence (Miss Violence, 2013)
11 - Missão:
Impossível - Nação Secreta (Mission: Impossible - Rogue Nation, 2015)
12 - O Ano Mais Violento (A Most Violent Year, 2014)
13 - O Clã (El Clan, 2015)
14 - Ponte dos Espiões (Bridge Of Spies, 2015)
15 - Samba
(Samba, 2014)
16 - Selma: Uma Luta Pela Igualdade (Selma, 2014)
17 - Shaun, O Carneiro (Shaun, The Sheep, 2015)
18 - Sicario: Terra de Ninguém (Sicario, 2015)
19 - Um Santo Vizinho (St. Vincent, 2014)
20 - Victoria (Victoria, 2015)
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