O Homer Vitruviano

O Homer Vitruviano
Leonardo quase acertou.

Wel Come Maguila, Mas Manda Flores No Dia Seguinte

Bem-vindos, párias, desgarrados, nerds, loucos de toda espécie ou, caso esse negócio não der certo, boas vindas às minhas demais personalidades. Façam-se ouvir, façam-se sentir, façam-se opinar. E, caso falte energia ou acabe a bateria, faça-se a luz!


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

OS MELHORES DE 2012 NO CINEMA:





2012 são águas passadas e, como no final de 2011, elaborei a minha lista dos filmes mais importantes do ano. É  uma seleção personalíssima das melhores experiências que tive dentro de uma sala de cinema durante 2012, sem ordem de preferência e sem limitação de número, mas só computando os filmes lançados comercialmente no Brasil durante o ano (maravilhas como A Caça e No, por exemplo, vistas em mostras ou festivais, ficaram de fora da competição). Na seqüência, vai uma lista com menções honrosas. Para quem quiser dar uma olhada na relação de TODOS os filmes que eu vi ou revi este ano, acompanhados cada um de uma micro-resenha, é só procurar no blog os posts relativos ao Rewind 2012 No Cinema, dividido em três partes. Foram 255 produções, 57 a mais do que em 2011. Que venha 2013!!!!


TOP FILMES DE 2012:

1 - Cavalo de Guerra (War Horse): o primeiro grande filme a chegar aos cinemas em 2012. Spielberg retribui a homenagem que ganhou de J.J. Abrahms em Super 8 com uma ode ao melodrama clássico produzido em Hollywood nas décadas de 30 e 40, em especial ao cinema do mestre John Ford. É filme para ver com o coração desarmado e só para quem consegue esquecer o cinismo dos tempos modernos por duas horas. Ou seja: cinema à moda antiga.
2 - O Espião Que Sabia Demais (Tinker Tailor Soldier Spy): espionagem feita de e para adultos pensantes.
3 - O Artista (The Artist): um filme tão sensacional que não precisa nem de cores nem de som para passar o seu recado.
4 - A Invenção de Hugo Cabret (Hugo): irretocável aula mestra de História do Cinema com o professor Scorsese. O melhor uso do 3D desde que James Cameron reinventou a moda há pouco mais de 2 anos.
5 -Isto Não É Um Filme (In Film Nist): pode até não ser, mas é cinema de primeira grandeza.

6 - Pina 3D (Pina): Wim Wenders criou um tributo fascinante para a renomada coreógrafa Pina Balsch, falecida em 2009, utilizando o 3D como ferramenta narrativa imprescindível para a correta compreensão tanto do filme quanto do legado deixado pela artista.

7 - Shame (Shame): um trabalho que prova que o artista plástico Steve McQueen (homônimo do astro de Bullit) é também um diretor de mão cheia. Repleto de significados e material para reflexão, é um sensacional estudo sobre a depressão. Nunca um filme teve tanta carga sexual e tão pouco erotismo. Vergonha é não ter sido indicado para o Oscar. Michael Fassbender e Carey Mulligan, com poucos minutos de cena, já justificam, cada um, uma estatueta dourada. Imperdível.

8 - A Separação (Jodaeiye Nader az Simin): vencedor do Oscar 2012 de Filme Estrangeiro, merecia ter concorrido também nas categorias principais. O que começa como crônica do final de um relacionamento vai revelando-se aos poucos uma poderosa análise da sociedade iraniana, expondo de forma genial todas as idiossincrasias existentes na oposição entre o secularismo do governo atual e o fundamentalismo enraizado entre as castas mais baixas da população. O roteiro engenhoso, que administra um intrincado mosaico de personagens em conflito sem apontar culpados ou inocentes (aliás, colocando acertadamente todos em ambas as posições)  também disputou o Oscar de Melhor Roteiro Original e  poderia muito bem ter levado a estatueta dourada prá casa. Que baita filme.

9 - Drive (Drive): sem abdicar em momento algum das convenções do gênero policial, Nicholas Winding Refn subverte-as de forma magistral num irretocavelmente estilizado thriller que o destino se encarregará de tornar filme de culto obrigatório. 

10 - Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises): provando novamente que é um dos melhores cineastas da nova geração de Hollywood, Christopher Nolan encerra de forma muito digna a sua incursão no mundo dos quadrinhos. Tenso, emocionante, barulhento, com atuações memoráveis (vem aí um novo Oscar de Coadjuvante para Michael Caine?). Não cabe discutir se é melhor ou pior do que Batman Begins ou O Cavaleiro das Trevas porque forma com os dois uma saga homogênea, uma peça em três atos. E é assim, colocado em perspectiva, que Ressurge cresce ainda mais. Nolan fez uma trilogia que merece ser chamada de trilogia, algo raríssimo no cinema (Peter Jackson conseguiu isso em O Senhor dos Anéis, Coppolla em O Poderoso Chefão). Não trata-se de apenas um filme, mas do capítulo final de uma grande história, o que torna fundamental ver Begins e Cavaleiro das Trevas antes de embarcar na nova aventura para não arriscar perder as inúmeras referências e subtramas aparentemente soltas que Ressurge amarra de maneira exemplar. O grande blockbuster de 2012.  

11 - Headhunters (Hodejegerne): thriller norueguês de sucesso mundo afora, é um eletrizante jogo de gato e rato que mescla violência e humor negro com eficiência, criatividade e reviravoltas bem aplicadas. Lembra muito o cinema dos Irmãos Coen, principalmente Fargo (a semelhança é ampliada ainda mais porque Aksel Hennie, o protagonista, guarda os traços de um Steve Buscemi mais jovem). Já foi providenciada uma refilmagem americana. Pena que os Coen dificilmente estarão envolvidos.

12 - Intocáveis (Intouchables): maior sucesso internacional da França em todos os tempos, é um êxito principalmente em virtude de seus dois impagáveis personagens centrais, cujas personalidades diametralmente opostas geram empatia automática com o público. Mérito de dois atores em estado de graça: François Cluzet (cada vez mais idêntico a Dustin Hoffmann) e Omar Sy (que utiliza aqui uma clave de humor gaiato como aquela que Eddie Murphy tirava de dentro da manga do casaco em seus áureos momentos nos 80´s) são a alma e a maior força de Intocáveis, cada um dando um show particular em cena. O tom acertado aplicado ao filme pelos diretores Olivier Nakache e Eric Toledano também é fundamental, privilegiando o humor genuíno e evitando o caminho fácil da emoção barata. E o próprio fato de Intocáveis nunca (NUNCA) abraçar a auto-piedade, mesmo com um material que em mãos erradas poderia descambar para o pior dos dramalhões, já faz do filme, mais do que a lição de vida extraída da emocionante história real que conta, uma lição de cinema. E das boas. 

13 - Looper - Assassinos do Futuro (Looper): como todo bom filme de viagem no tempo, descarta as saídas fáceis e opta pelo caminho mais inteligente no desenvolvimento de seu intrincado roteiro. É essa ousadia a principal marca impressa pelo diretor/roteirista Rian Johnson, que vinha de duas produções anteriores que caíram nas graças da crítica (A Ponta de Um Crime e Vigaristas) e que, depois desse filmaço aqui, já pularam para o topo da minha pilha de filmes a conferir. E é impressionante a seqüência de ótimas produções emendadas por Joseph Gordon-Levitt nos últimos anos (500 Dias Com Ela, O Vigia, A Origem, 50 %, Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge), tornando-o num curtíssimo espaço de tempo uma das caras mais interessantes em Hollywood no momento. Looper segue essa esteira de boas escolhas com toda a pompa. E se a fantástica maquiagem que transforma Levitt em um jovem Bruce Willis não for no mínimo indicada ao Oscar do ano que vem, vou perder ainda mais a fé no futuro da Humanidade.

14 - Moonrise Kingdom (Moonrise Kingdom): talvez o mais emocional de todos os filmes de Wes Anderson, um olhar sobre a transição entre a infância e a vida adulta que ironicamente mostra-se também a sua obra mais madura. Um espetáculo sensorial, agridoce e esperto. E cada um dos planos horizontais que ele sabe como ninguém moldar através de sua lente (e que já viraram a sua principal assinatura) poderiam tranqüilamente ser exibidos em qualquer galeria de arte ao redor do mundo.
15 -  Frankenweenie (Frankenweenie): irresistível homenagem aos monstros clássicos da Universal dos filmes das décadas de 30 e 40. O primeiro curta de Tim Burton virou um longa lindamente fotografado em preto e branco que faz a alegria de qualquer cinéfilo com a quantidade absurda de referências aos clássicos do terror que embalaram a infância do cineasta. A melhor animação de 2012.
16 - Argo (Argo): que virada na carreira deu esse Ben Affleck. De ator pavoroso a diretor de mão cheia, o cara realiza aqui o seu melhor trabalho (e isso depois dos ótimos Medo da Verdade e Atração Perigosa). Tenso do início ao fim, Affleck é hábil ao desenvolver duas narrativas paralelas e um elenco gigantesco sem em momento algum perder o ritmo ou o foco. Tem sido apontado com uma das apostas certas no próximo Oscar e, quer saber, tem todas as ferramentas para pisar firme no tapete vermelho.
17 - Liv & Ingmar - Uma História de Amor (Liv & Ingmar): nada que foi lançado nesse ano tem o efeito emocional devastador desse documentário sobre a relação entre Liv Ullmann e Ingmar Bergman. Filmado de uma forma arrebatadora pelo indiano Dheeraj Akolkar em meio a recortes dos filmes de Bergman e a um comovente relato de Liv Ullmann, é o melhor e maior filme romântico de 2012. Mais do que uma lição de Cinema, uma lição de Humanidade. Chorei três vezes durante a projeção, o que, no meu caso, não é nem de longe pouca coisa. Lindo demais.

Menções honrosas:

1 - A Vida Em Um Dia (Life In A Day)
2 - Precisamos Falar Sobre O Kevin (We Need To Talk About Kevin)
3 - As Aventuras de Tintim (The Adventures Of Tintim)
4 – Xingu
5 - Habemus Papam (Habemus Papam)
6 - Prometheus (Prometheus)
7 - Deus da Carnificina (Carnage)
8 - Na Estrada (On The Road)
9 - Um Método Perigoso (A Dangerous Method)
10 - O Ditador (The Dictator)
11 - 007 - Operação Skyfall (Skyfall)
12 - 13 Assassinos (Jûsan-nin no shikaku)
13 - O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey, em 3D)


E, de lambuja, dois filmes ruinzinhos de doer, mas que foram dois dos maiores prazeres que senti dentro de uma sala de cinema durante o ano, considerando que sou daqueles dinossauros que viveram a pré-adolescência nos brilhosos anos 80:

Rock Of Ages - O Filme (Rock Of Ages): a história é uma bosta, a dupla central (os bonitinhos, mas ordinários, Diego Boneta e Julianne Hough) entrega performances medonhas e a direção de Adam Schankman, que acertara na adaptação de outro musical da Broadway (Hairspray), oscila entre o excessivo e o vergonhoso. Mas quer saber? É o filme mais desbragadamente oitentista desde, bem, desde a década de 80! E quem viveu aquela época (pelo menos um pouquinho dela) vai bater o pé, ensaiar um karaokê no meio do cinema e sair fazendo guampinhas com a mão até os dedos ficarem com cãimbra. Essa cara-de-pau em ser assumidamente um filme cafona, over e pegajoso como só o rock farofa dos anos 80 conseguia ser faz toda a diferença. E quem melhor incorpora esse espírito é o impagável roqueiro Stacee Jaxx encarnado à perfeição por Tom Cruise, a verdadeira alma do filme, um personagem que, para mim, desde já tornou-se icônico. Quando lançarem em dvd, vou comprar e arranhar o disco de tanto rodar, assim como eu fazia com os meus antigos LPs do Van Halen e do Def Leppard. Prometo. Pour Some Sugar On Me, babe, 'cause we built this city on Rock'n'roll.

Os Mercenários 2 (The Expendables 2): melhor do que o primeiro (ou seria menos pior?), apesar de repetir os mesmos erros, a começar pelo roteiro pavoroso que não consegue costurar com um mínimo de competência o fiapo de história que tem para contar. Como a própria razão de ser do filme é colocar em cena o máximo de brutamontes patrocinados pelo INSS que se consegue em uma hora e meia, atinge o seu objetivo com razoável competência. As cenas de ação também tiveram um upgrade com a saída de Stallone da cadeira de diretor (no seu lugar, entrou o graaaande cineasta Simon West, de clássicos da Sétima Arte como Con Air e A Filha do General). Não dá para se esperar muito de um produto que se contenta em fazer piadinhas autorreferentes com seus astros. Aliás, não se pode levar a sério um filme cujo vilão (um botocado Van Damme) se chama justamente Villain. Os melhores momentos vem justamente quando o filme cansa de fingir que é sério e abraça sem qualquer pudor o nonsense. E não há nada mais emblemático do que o "deus ex machina" incorporado por duas vezes na trama por Chuck Norris, com direito a excerto do Morricone e tudo. 


Um comentário:

  1. O seu senso elétrico e semi-irônico de escrever é tudodebom. Tudo de bom junto. Porque é diferente. Parabéns pelo conteúdo de personalidade. Curto e sigo o blog. BACAAAAANA.

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