O Homer Vitruviano

O Homer Vitruviano
Leonardo quase acertou.

Wel Come Maguila, Mas Manda Flores No Dia Seguinte

Bem-vindos, párias, desgarrados, nerds, loucos de toda espécie ou, caso esse negócio não der certo, boas vindas às minhas demais personalidades. Façam-se ouvir, façam-se sentir, façam-se opinar. E, caso falte energia ou acabe a bateria, faça-se a luz!


quarta-feira, 28 de março de 2012

Rewind 2012 No Cinema - Parte 1

  Começando já nos primeiros dias de janeiro, aí vão os comentários de todos os filmes vistos (e os revistos, marcados com um asterisco) durante o ano de 2012. Post que vai sendo atualizado durante todo o ano.
  Essa primeira parte lista os primeiros 100 filmes vistos no ano, todos eles com micro-resenhas e uma nota. O numeral atribuído a cada nota não deve ser visto como uma sentença. Em primeiro lugar, não se pode condensar toda a avaliação sobre uma obra em um mero numeral, o que seria de um reducionismo pedestre. A nota serve, no caso dos comentários breves, como forma de ilustrar o que não coube no texto. Neste ano, utilizei os seguintes parâmetros para quantificar as notas: 
-  notas 10: só para filmes que passaram no teste do tempo, ou seja, somente para filmes que permanecem excelentes mesmo após mais de 20 anos de seu lançamento;
- de 8 a 9: filmes ótimos;
- de 6 a 7,5: filmes bons;
- 5 ou 5,5: filmes razoáveis;
- abaixo de 5: filmes com variáveis graus de ruindade.
 
* Filmes revistos
1 - Sem Medo de Morrer (The Life Before Her Eyes, 2007): o diretor Vadim Perelman, do excelente Casa de Areia e Névoa, consegue surpreender mesmo que o roteiro não tenha uma idéia 100 % original. Nota 8
2 - Chéri (Chéri, 2009): a trinca de Ligações Perigosas (o diretor Stephen Frears, o roteirista Christopher Hampton e a deusa Michelle Pfeiffer) num conto sobre o fim da Bélle Époque como alegoria da perda da juventude. Ganha força nos diálogos ferinos, principalmente aqueles entre Pfeiffer e Kathy Bates, em que o mais importante é o que não é verbalizado. Nota 7,5
3 - Soul Surfer - Coragem de Viver (Soul Surfer, 2011): uma boa história real que, ao naufragar nos clichês mais sentimentalóides de Hollywood, acaba inaugurando um novo subgênero, o dos "filmes de surf cristãos de auto-ajuda". Pelo menos a fotografia, como todo filme rodado no Havaí, é espetacular. Nota 4,5
4 - Assalto Ao Banco Central (2011): seus melhores momentos são regulares; o problema é que os piores são constrangedores. É preciso bem mais que um bando de globais para imitar Ocean´s Eleven. Nota 4 
5 - Cavalo de Guerra (War Horse): o primeiro grande filme a chegar aos cinemas em 2012. Spielberg retribui a homenagem que ganhou de J.J. Abrahms em Super 8 com uma ode ao melodrama clássico produzido em Hollywood nas décadas de 30 e 40, em especial ao cinema do mestre John Ford. É filme para ver com o coração desarmado e só para quem consegue esquecer o cinismo dos tempos modernos por duas horas. Ou seja: cinema à moda antiga. Nota 9
6 - Barry Lyndon (Barry Lyndon, 1975): o perfeccionismo de Kubrick faz falta para o cinema. Um espetáculo visual impressionante até hoje. Vencedor de 4 Oscars: Figurino, Fotografia, Direção de Arte e Trilha Sonora. Indicado a três outras estatuetas douradas (Filme, Direção e Roteiro Adaptado). Nota 10
7 - Amor A Toda Prova (Crazy, Stupid, Love., 2011): caso raro de comédia romântica americana que não causa paralisia cerebral momentânea no público. Nota 8
8 - Halloween II (Halloween II, 2009): pediram pro Rob Zombie um filme de horror e ele entendeu que era prá fazer um horror de filme. Nota 2
9 - A Hora da Escuridão (The Darkest Hour, 3D): tem que respeitar um filme que estréia na segunda semana de janeiro e já consegue se candidatar com firmeza como uma das maiores bombas do ano. Nota 1 
10 - Irmãos de Sangue (Leaves Of Grass, 2009): influenciado pelos gêmeos interpretados com a habitual excelência por Edward Norton, é um filme que sofre de um grave transtorno bipolar. Nota 3
11 - O Espião Que Sabia Demais (Tinker Tailor Soldier Spy): espionagem feita de e para adultos pensantes. Nota 8,5 
12 - Precisamos Falar Sobre O Kevin (We Need To Talk About Kevin): perturbador estudo sobre a psicopatia. Tilda Swinton arrasa como de costume. Nota 8
13 - 5 x Favela - Agora Por Nós Mesmos (2010): dirigido por um grupo de jovens cineastas moradores de favelas do Rio de Janeiro, o filme é divido em 5 mini contos que buscam retratar o cotidiano das comunidades com o olhar de quem vive a realidade dos morros. Um projeto excelente na concepção, mas que falha miseravelmente na execução. Nota 3
14- As Aventuras de Tintim (The Adventures Of Tintim, 3D): Spielberg fez uma bela homenagem ao personagem imortalizado por Hergé, mas também um pertinente retorno ao climão de Caçadores da Arca Perdida. A cena da fuga de Baghar é desde já uma das melhores de um cineasta responsável por tantas seqüências memoráveis na história do cinema. Nota 8,5
15 - Paris (Paris, 2008): uma visão luminosa sobre a Cidade-Luz. Em outra encarnação, eu casaria com a Juliette Binoche fácil. Nota 7,5
16 - O Mágico (L'Illusionnist, 2010): uma bela introdução ao talento de Jaques Tati, com um roteiro deixado como herança pelo próprio. E em animação, que é prá facilitar ainda mais prá nova geração. Nota 8
17 - Simonal - Ninguém Sabe O Duro Que Dei (2009): um documentário que lança uma pertinente luz sobre um artista que foi apagado da história contada para a minha geração. Nota 8
18 - No Limite da Mentira (The Debt, 2010): um thriller mediano contado de forma tão elegante quanto sua protagonista (Helen Mirren). Nota 6,5
19- O Artista (The Artist): um filme tão sensacional que não precisa nem de cores nem de som para passar o seu recado. Nota 9
20 - Os Descendentes (The Descendants): o cinema de Alexander Payne (Sideways, Confissões de Schmidt) continua saborosamente agridoce como um bom prato da culinária havaiana. Nota 8
21 - Filha do Mal (The Devil Inside): um filme de exorcismo tão realista que todo mundo sai do cinema possesso de raiva. Nota 2 pela cara-de-pau.
22 - Millennium - Os Homens Que Não Amavam As Mulheres (The Girl With The Dragon Tattoo): David Fincher aprimora de leve o apenas correto longa sueco que já adaptara o best-seller de Stieg Larsson em 2009. Na verdade, a trama de Larsson só vale mesmo pela ótima personagem feminina que criou (Lisbeth, aqui incorporada de forma irretocável por uma camaleônica Rooney Mara). O mistério central não passa de um amontoado dos mais batidos clichês do gênero policial e a identidade do vilão é telegrafada desde a sua primeira aparição em cena. Pela previsibilidade, perde um pouco de força para quem viu a primeira versão ou já leu o livro, mas ainda assim é um bom trabalho no currículo de um diretor que, em seus melhores momentos, já provou ser muito mais do que o Dan Brown nórdico em que se traveste aqui. Nota 7 
23 - A Coisa (The Thing, 2011): preqüel de O Enigma do Outro Mundo que se limita a tentar imitar o que John Carpenter soube fazer com muito mais talento em 1982. Nota 6
24 - A Invenção de Hugo Cabret (Hugo, em 3D): irretocável aula mestra de História do Cinema com o professor Scorsese. O melhor uso do 3D desde que James Cameron reinventou a moda há pouco mais de 2 anos. Nota 9
25 - A Pantera Cor-de-Rosa 2 (The Pink Panther 2, 2009): cada vez que alguém assiste isso aqui, o Peter Sellers dá uma volta no túmulo. Nota 2
26 - Toda Forma de Amor (Beginners, 2010): o Christopher Plummer só não ganha o Oscar de coadjuvante esse ano se tiver uma bancada evangélica infiltrada entre os votantes da Academia. Nota 7,5
27 - O Albergue 3 (Hostel Part III): não há sadismo que resista a um amontoado de clichês debilóides. Nota 3
28 - Minhas Adoráveis Ex-Namoradas (The Ghosts Of Girlfriends Past, 2009): apesar da premissa de adaptar o Conto de Natal de Charles Dickens para o gênero das comédias românticas soar absurda (e é), o elenco simpático garante uma experiência agradável. Nota 6,5
29 - Confiar (Trust, 2010): David Schwimmer (sim, o Ross de Friends) dirige um baita elenco e adota o tom certo para tratar de um tema espinhoso. Nota 7,5
* 30 - Motoqueiro Fantasma (Ghost Rider, 2007): fica pior ainda numa revisão. Roteiro pavoroso, humor deslocado e Nicolas Cage descontolado. Um equívoco do início ao fim. Nota 4,5
31 - Os Mensageiros (The Messengers, 2007): até ensaia alguns bons sustos, mas o que realmente amedronta é a incapacidade dos diretores (os mesmos Pang Brothers do trash Perigo Em Bangkok) em domar a canastrice do elenco e ao menos disfarçar os buracos abissais do roteiro. Nota 4,5
32 - A Mulher de Preto (The Woman In Black): eficiente na construção de atmosfera e clima em detrimento de sustos fáceis e violência gráfica, é uma boa homenagem do novo estúdio Hammer às produções que fizeram a sua fama nas décadas de 60 e 70. E o Harry Potter está muito bem, obrigado. Nota 7,5
33 - O Homem Que Mudou O Jogo (Moneyball): o bom filme de superação esportiva da hora. Nada mais, nada menos. Brad Pitt está bem, mas já esteve muito melhor em 12 Macacos, Snatch, Seven e Clube da Luta. Nota 7,5
34 - Dupla Implacável (From Paris With Love, 2010): triste destino esse de Luc Besson, outrora um cineasta promissor nos 80´s (Subway, Imensidão Azul) e hoje um produtor picareta de lixo cinematográfico de ação. E o quê dizer de um filme em que os personagens vão até a Torre Eiffel (e filmaram lá mesmo), mas consegue não mostrar nada lá de cima? Em tempo: Travolta está no modo Nicolas Cage de interpretação. Nota 4
35 - The Disappearance Of Alice Creed (2009): cheio de reviravoltas espertas e tensão, é um bom filme inglês de seqüestro, sustentado por apenas três atores, todos eles muito bem em cena. Até mesmo a bonitona Gemma Arterton, que foi enfeite de Natal em fiascos recentes como Príncipe da Pérsia e a refilmagem de Fúria de Titãs. Nota 7,5

36 - Abismo do Medo 2 (The Descent: Part 2, 2009): já começa terrivelmente mal, passando uma borracha no excelente final do primeiro filme. Depois, se assume como diversão trash. Pelo menos os sustos permanecem eficazes. Nota 5,5

37 - Poder Sem Limites (Chronicle): quando ninguém mais agüentava a moda dos filmes de filmagens encontradas, surgem uns malucos que subvertem o gênero e entregam um filmão de super-herói criativo e dinâmico. Merece todo o sucesso comercial e de crítica que vem tendo. Nota 8

38 - Paul - O Alien Fugitivo (Paul, 2011): não é tão engraçado como outras coisas que a dupla de atores/roteiristas Simon Pegg e Nick Frost já fizeram, como Todo Mundo Quase Morto (Shaun Of The Dead), Chumbo Grosso (Hot Fuzz) e o seriado inglês Spaced. Mesmo assim, é repleto (e põe repleto nisso) de tiradas politicamente incorretas e referências ao cinema dos anos 80, o que representa diversão prá nerd veterano algum botar defeito. Vale dizer que até o Spielberg aceitou fazer uma ponta? Nota 7

39 - Os Nomes do Amor (Le Nom Des Gens, 2010): uma comédia romântica francesa com coração, senso de humor e muita consciência política. Nota 7,5

40 -Isto Não É Um Filme (In Film Nist): pode até não ser, mas é cinema de primeira grandeza. Nota 9

41 - Margin Call - O Dia Antes do Fim (Margin Call): merecida indicação ao Oscar de Roteiro Original em 2012, é a visão mais sóbria e certeira sobre a derrocada econômica mundial de 2008. Puta elencaço (Zachary Quinto, Kevin Spacey, Stanley Tucci, Jeremy Irons, Paul Bettany, Demi Moore, ...). Nota 7,5

42 - 50% (50/50): consegue fazer comédia de qualidade em cima de um dos últimos assuntos que ainda são tabu em Hollywood (o câncer). Merecidíssimas as indicações ao Globo de Ouro 2012 tanto para o roteiro autobiográfico de Will Reiser quanto para a excelente interpretação de Joseph Gordon-Levitt. Nota 8

43 - Faça-me Feliz! (Fais-moi plaisir!): uma comédia tão sem graça que chega a doer. O diretor/protagonista Emmanuel Mouret é uma espécie de cover do Marcelo Adnet com o cabelo do Beiçola da Grande Família. As tentativas dele em imitar Peter Sellers são tão constrangedoras que fazem Adam Sandler parecer Woody Allen. Poucas vezes eu vi no cinema uma tamanha falta de timing para contar piadas velhas. O Zorra Total da Globo, perto disso, é ouro. Nota 2

44 - Para Poucos (Happy Few): correta abordagem do quadrilátero amoroso, um tema já batido, mas que aqui ganha força através das boas interpretações, da alta voltagem erótica e da direção sóbria de Antony Cordier. Nota 7

45 - Appaloosa - Uma Cidade Sem Lei (Appaloosa, 2008): um faroeste conduzido a passos de tartaruga pelo diretor/ator Ed Harris, repetindo os erros e os acertos de sua estréia atrás das câmeras em Pollock. Destacam-se o elenco (além de Harris, Viggo Mortensen, Renée Zellwegger e Jeremy Irons, todos bem como de costume), o figurino e a fotografia sensacional. Nota 6,5

46 - Atraídos Pelo Crime (Brooklyn's Finest, 2009): eficiente policial do diretor de Dia de Treinamento. Mas é mais do mesmo. Nota 6,5

47 - Há Tanto Tempo Que Te Amo (Il y a longtemps que je t'aime, 2008): Kristin Scott-Thomas está sensacional em um papel que de certa forma dialoga (e muito) com o de Tilda Swinton em Precisamos Falar Sobre Kevin. Duas indicações ao Globo de Ouro 2009 (atriz e filme estrangeiro). Nota 7


48 - John Carter - Entre Dois Mundos (John Carter, 3D): com um roteiro confuso e um casal protagonista atuando no modo Tarcísio Meira de canastrice, é uma aventurinha apenas regular. Muito pouco para um projeto que torrou 250 milhões de dólares para sair do papel. E o 3D é uma picaretagem braba cujo único propósito é o de encarecer o valor dos ingressos. Nota 5,5







49 - Sex And The City 2 (Sex And The City 2, 2010): um personal stylist teria avisado que salto alto e o deserto de Abu Dhabi definitivamente não combinam. Nota 3

50 - Inspeção Geral (Strip Search, 2004): o saudoso Sidney Lumet fez um telefilme para a HBO que foi mutilado pela emissora. Lançado em dvd no Brasil, o filme acabou, pós-edição, com enxutos 55 minutos (praticamente um média-metragem) e é um interessante ensaio sobre a paranóia americana pós-11 de Setembro. Nota 7

51 - A Dama de Ferro (The Iron Lady): Meryl Steep e a maquiagem mereceram (e muito) os Oscars que levaram. Streep encarnou com gana a Margareth Tatcher e a maquiagem só ajudou na composição. Tirando isso, o filme é uma cinebiografia míope da mulher mais poderosa do cenário mundial nos anos 80. O roteiro equivocado opta por colocar em primeiro plano uma traminha fictícia envolvendo Tatcher velhinha e lutando com o Alzheimmer em detrimento do que realmente interessaria, que é justamente os motivos que a levaram a ganhar a alcunha de Dama de Ferro e liderar a Grã-Bretanha por mais de uma década. Para piorar, o filme ainda negligencia todo o contexto histórico por detrás dos mandatos da ex-Primeira Ministra britânica enquanto esteve no poder. Como resultado, quem não viveu os anos 80 ou quem não conhece a personagem, sai do cinema tão desinformado quanto entrou. Nota 6 

52 - Projeto X - Uma Festa Fora de Controle (Project X): um clássico exemplar da série "azar, gostei". Abusa dos clichês mais batidos dos filmes adolescentes, incluindo aí a malfadada onda das filmagens encontradas. Cada geração tem o Porky's que merece e a Geração Y acabou de ganhar um para chamar de seu. Mas é inegável que, à medida que a festa do título vai saindo mesmo de controle, o negócio vai ficando bem divertido. Nota 6,5

53 - O Grande Mestre (Yip Man, 2008): cinebiografia de um dos maiores lutadores de kung fu da China e que foi professor do Bruce Lee. Lutas muito bem coreografadas. Nota 6,5


54 - Protegendo O Inimigo (Safe House): a arte de contar a mesma história batida pela enésima vez, mas embrulhada em papel de presente vistoso. Nota 6,5


55 - As Mulheres do Sexto Andar (Les femmes du 6ème étage): a luta de classes vista com senso de humor irresistivelmente ingênuo. Nota 7,5

* 56 - O Enigma de Outro Mundo (The Thing, 1982): impressionante como essa pérola dos anos 80 não envelheceu quase nada. Um dos melhores trabalhos de John Carpenter e arrisco dizer que é uma das melhores ficções científicas de todos os tempos. Tenso, original e com efeitos especiais analógicos que ainda botam muito CGI atual no chinelo. E ainda tem de lambuja uma trilha minimalista impecável do mestre Ennio Morricone. Nota 10

57 - Jogos Vorazes (The Hunger Games):  enfim uma adaptação de livro adolescente que não ofende os neurônios nem a paciência dos adultos. Mesmo com um primeiro ato arrastado demais e com efeitos especiais pavorosos, o que é raro numa produção de Hollywood, a distopia futurística proposta pelo filme (uma mistura de Batalha Real com O Sobrevivente) é bem interessante. Nota 7

* 58 - Pink Floyd - The Wall (Pink Floyd - The Wall, 1982): uma egotrip tão rica em imagens quanto em significados. Nota 10

* 59 -  Fúria de Titãs (Clash Of The Titans, 2010): revisto, segue com os mesmos problemas graves de roteiro e um dos personagens mais patéticos da história do cinema (o oráculo "interpretado" por Gemma Arterton). Salvam-se algumas boas cenas de ação e só. Nota 6,5

60 - Revólver (Revolver, 2005): o primo pobre e pretensioso de Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch. O casório com a Madonna foi o inferno profissional de Guy Ritchie. Nota 5 

61 - Pina 3D (Pina): Wim Wenders criou um tributo fascinante para a renomada coreógrafa Pina Balsch, falecida em 2009, utilizando o 3D como ferramenta narrativa imprescindível para a correta compreensão tanto do filme quanto do legado deixado pela artista. Nota 8,5

62 - Fúria de Titãs 2 (Wrath Of The Titans, 3D): o diretor (e picareta de aluguel) Jonathan Liebesman, responsável por bombas como No Cair da Noite, O Massacre da Serra Elétrica: O Início e Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles, tem dito em entrevistas que quis deixar o filme com um visual realista, o que aparentemente, para ele, quer dizer ficar tremendo a câmera em todas as cenas de ação. Quanto ao roteiro... Zeus nos acuda. Nota 5

63 - The Innkeepers (2011): mais uma prova de que o diretor Ti West (The House Of The Devil) manja como extrair sustos eficientes de uma história banal. É só criar personagens com quem o público se importe. Climão prá matar asmáticos. Nota 7,5

64 - Shame (Shame): um dos melhores lançamentos do ano até aqui, é um trabalho que prova que o artista plástico Steve McQueen (homônimo do astro de Bullit) é também um diretor de mão cheia. Repleto de significados e material para reflexão, é um sensacional estudo sobre a depressão. Nunca um filme teve tanta carga sexual e tão pouco erotismo. Vergonha é não ter sido indicado para o Oscar. Michael Fassbender e Carey Mulligan, com poucos minutos de cena, já justificam cada um uma estatueta dourada. Imperdível. Nota 9

65 - Fatal (Elegy, 2008): Phillip Roth é um dos escritores americanos mais relevantes da atualidade, mas por algum motivo oculto ainda não ganhou uma adaptação cinematográfica que não resultasse arrastada. Boas idéias e uma Penélope Cruz linda ainda conseguem manter acima da média. Nota 6,5  

66 - Gato de Botas (Puss In Boots, 2011): em sua quinta colaboração juntos, Antonio Banderas e Salma Hayek usam e abusam da química azeitada durante os anos para tornar a despretensiosa animação da Dreamworks uma boa diversão. Nota 7

67 - Xingu: não só confirma Cao Hamburger (Castelo Rá-Tim-Bum: O Filme, O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias) como um dos melhores cineastas brasileiros da atualidade, como também é entretenimento de qualidade para as massas. Uma aula de história (e cinema) relevante, com uma notável atuação de João Miguel. E tecnicamente impecável. Prá destorcer o nariz dos malas com relação ao cinema nacional. Nota 8

68 - Habemus Papam (Habemus Papam): ironicamente, foi preciso um ateu (o diretor/ator/roteirista Nanni Moretti) para humanizar o clero católico no cinema. Nota 8

69 - Os Muppets (The Muppets, 2011): apesar das piadas terem sido levemente infantilizadas para agradar ao público de hoje, os personagens que marcaram a infância da minha geração não perderam nem um pouco do carisma. Longa vida ao Caco, agora Kermitt. Nota 7 

70 - Slovenian Girl (Slovenka): produção eslovênia com desenvolvimento arrastado e que, apesar de uma ou outra boa idéia, não traz nenhuma novidade para o tema da prostituição. Nota 5 

71 - Os Três Mosqueteiros (The Three Musketeers, 2011): até que enfim alguém conseguiu fazer uma versão pior do que aquela com o Charlie Harper, digo, Sheen, na década de 90. A façanha é do picareta Paul W. S. Anderson, cujos únicos pontos altos do currículo são O Enigma do Horizonte e o fato de ser casado com a Milla Jovovich. O design de produção deve ter ficado vistoso em 3D, os figurinos são divertidos e tem pelo menos uma boa luta de floretes nas torres de Notre Dame, mas o resto (atuações generalizadamente deploráveis, roteiro desrespeitoso com o material original e um infindável e despropositado uso de câmeras lentas desnecessárias) é ladeira abaixo. Nota 4,5

72 - Martha Marcy May Marlene (Martha Marcy May Marlene, 2011): inédito no Brasil, esse drama psicológico indie já faturou um monte de prêmios em festivais mundo afora. É uma visão perturbadora e intrigante sobre o impacto de cultos e seitas na mente humana. Com uma narrativa cadenciada, traz uma atuação arrasadora de Elizabeth Olsen, que em 102 minutos nos faz esquecer da tortura cinematográfica imposta por décadas por suas irmãs gêmeas mais velhas. Nota 7,5


73 - A Separação (Jodaeiye Nader az Simin): vencedor do Oscar 2012 de Filme Estrangeiro, merecia ter concorrido também nas categorias principais. O que começa como crônica do final de um relacionamento vai revelando-se aos poucos uma poderosa análise da sociedade iraniana, expondo de forma genial todas as idiossincrasias existentes na oposição entre o secularismo do governo atual e o fundamentalismo enraizado entre as castas mais baixas da população. O roteiro engenhoso, que administra um intrincado mosaico de personagens em conflito sem apontar culpados ou inocentes (aliás, colocando acertadamente todos em ambas as posições)  também disputou o Oscar de Melhor Roteiro Original e  poderia muito bem ter levado a estatueta dourada prá casa. Que baita filme. Nota 9

74 - Onde Começa O Inferno (Rio Bravo, 1959), faroeste bacana do Howard Hawks, com o John Wayne, o Dean Martin (surpreendentemente bem, aliás), o Ricky Nelson e uma Angie Dickinson inacreditavelmente sexy. Equilibra bem o humor com o climão de bangue-bangue. Nota 7,5 

75 - Vício Frenético (The Bad Lieutenant: Port of Call - New Orleans, 2009): dando uma pausa na inacreditável sucessão de porcarias que estrelou na última década, Nicolas Cage encontrou aqui um raro projeto que justifica o seu notório overacting. E ele se encaixa à perfeição no papel do policial drogadito e de ações moralmente questionáveis. Já o diretor Werner Herzog (Fitzcarraldo, O Homem Urso, O Sobrevivente) atenua a carga dramática e a decadência moral e física do personagem interpretado por Harvey Keitel no original de 1992 e o substitui por um humor que às vezes acerta o tom e outras soa apenas estranho. É inegável, no entanto, que trata-se de uma refilmagem que apresenta uma abordagem completamente diferente daquela empregada ao tema no filme homônimo de Abel Ferrara. Nota 6,5

76 - Maria Antonieta (Marie Antoinette, 2006): empregando a mesma sensibilidade feminina que permeia todos os seus filmes, a diretora/roteirista Sofia Coppola encontra na figura histórica de Maria Antonieta uma adolescente comum a qualquer época. E o anacronismo emprestado à narrativa pela deliciosa trilha sonora oitentista e as ferramentas sutilmente utilizadas em cena (o par de tênis surrado, o baile de máscaras que vira uma balada moderna) aproximam o rígido teatro de aparências de Versalhes do código moral duvidoso aplicado à juventude contemporânea. Sofia é quem atualmente divulga com mais êxito a marca Coppola. Para muito além dos vinhedos do papai Francis. Levou com justiça o Oscar 2007 de Melhor Figurino. Nota 8

77 - Sete Dias Com Marilyn (My Week With Marilyn): registro convencional, mas agradável, sobre os bastidores das filmagens de O Príncipe Encantado (The Prince and the Showgirl, 1957). O que chama mesmo a atenção são as duas belas atuações de Michelle Williams como MM e Kenneth Branagh como Sir Laurence Olivier, ambos indicados ao Oscar 2012 (Atriz e Ator Coadjuvante). Nota 7,5

78 - Guerreiro (Warrior): sucesso de crítica nos EUA, veio direto prá dvd aqui no Brasil. Segue a cartilha básica dos filmes de luta que investem num pano de fundo recheado de conflitos familiares, algo já visto recentemente (e melhor) em O Lutador (luta-livre) e O Vencedor (boxe). O diferencial aqui é a trama ambientada no universo das lutas de MMA, atual febre mundial. A pancadaria empolga. Nick Nolte está bem e foi indicado ao Oscar 2012 de Ator Coadjuvante, mas não tinha a menor chance de faturar o prêmio: num embate com o veterano Christopher Plummer, que levou a estatueta para casa, Nolte levaria um nocaute no primeiro assalto. Nota 7

79 - American Pie - O Reencontro (American Reunion): apesar de moderadamente engraçado, graças ao idiota personagem de Sean William Scott (Stiffler), repete a mesma tentativa de reviver o humor anárquico das comédias dos anos 80, como Porky's, mas com um viés politicamente correto e conservador, o que mais irrita do que diverte. Nota 5,5

80 - Os Vingadores (The Avengers, 3D): dribla com eficiência a trama bobinha com a excelente interação entre os personagens e um bem-vindo (e fundamental) senso de humor. Um banquete nerd com grife. Nota 8



81 - Paraísos Artificiais: A produção é impecável, com destaque para a fotografia exuberante de Lula Buarque de Hollanda, talvez uma das melhores em, sei lá, muitos anos. O roteiro, que já não é lá muito ambicioso, poderia sair ganhando sem alguns exageros de direção e montagem (ironicamente, a edição era o ponto alto do trailer). Mas é um filme que vale conferir. E a tal Nathalia Dill, de quem eu ignorava a existência, arrasa em todos os sentidos. Nota 7

82 - Beleza Adormecida (Sleeping Beauty): a premissa é original e a atuação de Emily Browning é muito corajosa. Aliás, Browning dá um passo além no registro fetichista que já empregara em Sucker Punch e cada vez mais distancia sua imagem da menininha de Desventuras Em Série. Uma pena que a direção pretensiosa da novata Julia Leigh não acompanhe tamanha ousadia, deixando em aberto lacunas essenciais ao desenvolvimento de sua personagem principal. É bom, mas poderia ter sido ótimo. Nota 6,5


83 - As Idades do Amor (Manuale d'am3re): terceira parte da cinessérie italiana, sendo que só o primeiro (Manual de Amor, de 2005) havia chegado aos cinemas brasileiros. São três contos independentes que versam sobre relacionamentos amorosos. É como uma daquelas músicas populares românticas italianas: brega, bobo e sem qualquer profundidade. Mas assim como aquelas canções, a sonoridade é até agradável e o refrão fica um pouquinho na cabeça. É mau cinema, mas não dói. Nota 5,5
 84 - Anjos da Lei (21 Jump Street): tem algumas piadas genuinamente engraçadas e a dupla de protagonistas tem química na tela (quem diria que o Channing Tatum teria alguma veia cômica escondida?), mas eu tenho uma bronca enorme com essas adaptações de seriados policiais antigos que transformam inexplicavelmente o material original em comédia pastelão (vide o que já fizeram com As Panteras, Besouro Verde e Starsky & Hutch). Não duvide que num futuro próximo Hollywood seja capaz de adaptar Twin Peaks com o Adam Sandler como o agente Cooper. Nota 6

85 - O Ambulante (El Ambulante, no Fantaspoa 2012): sensacional esse documentário argentino sobre uma figuraça que vive de povoado em povoado rodando filmes caseiros. Imperdível. Nota 8,5

86 - Brawler (Brawler, no Fantaspoa 2012): modesto, mas até certo ponto eficiente drama de lutas que guarda algumas semelhanças com o recente Guerreiro (Warrior), desde a ambientação no mundo das lutas de MMA até o conflito entre irmãos que se resolve nos ringues. Nota 6

87 - Pequenos Monstros (Little Monsters, no Fantaspoa 2012): um dos homenageados no Fantaspoa 2012, o diretor David Schmoeller ficou conhecido por fazer filmes de terror B como Bonecos da Morte. O cineasta trouxe ao festival, em primeiríssima mão, o seu primeiro trabalho em 14 anos, uma tentativa de fazer cinema sério. Ironicamente, o resultado é mais trash do que qualquer outro dos trabalhos anteriores. Nota 3

88 - Battleship - A Batalha dos Mares (Battleship): o diretor Peter Berg (de O Reino e Hancock) opta por conduzir a ação como se fosse um sub-Michael Bay, o que significa explodir toda e qualquer coisa que apareça no cenário. Já o roteiro (misto de Armageddon com Transformers, valha-me Deus), provavelmente escrito por uma criança de 5 anos que repetiu de ano na escola, apresenta terreno fértil para situações de humor involuntário, como o plano inacreditavelmente estúpido (e suicida, seguindo a lógica do enredo) dos aliens malvadões para conquistar a Terra. Só a cena dos velhinhos caminhando em câmera lenta com bandeiras americanas tremulando ao fundo já merece cadeira cativa nos momentos mais embaraçosos do ano. Diverte muito moderadamente, bem menos do que o jogo de tabuleiro em que é inspirado (Batalha Naval). Se fosse um barco, esse filme seria o Titanic. E o público, o iceberg. Nota 4,5

89 - Um Pouquinho Zumbi (A Little Bit Zombie, no Fantaspoa 2012): ótima produção canadense que compensa o baixo orçamento com muita imaginação e um humor que funciona de maneira invejável. Baita surpresa e desde já forte candidato a um dos principais destaques da programação do festival. Nota 8

90 - Vinhas da Ira (The Grapes Of Wrath, 1940): em tempos de crise econômica mundial, esse filme de 72 anos de idade permanece perturbadoramente atual. Henry Fonda entrega uma atuação assombrosa. Obra-prima. Nota 10

91 - Jogo de Poder (Fair Game, 2010): baseado no caso verídico em que uma espiã teve sua identidade exposta pelo governo americano após o seu marido denunciar a farsa das armas de destruição em massa que Bush e cia. utilizaram como justificativa para invadir o Iraque, é um drama conduzido com mão firme por Doug Liman e com duas belas atuações de Naomi Watts e Sean Penn. Pena que, como o noticiário político que cobriu o caso, o desenvolvimento soe um pouco complicado e arrastado demais. Nota 7 

92 - Flor da Neve e o Leque Secreto (Snow Flower And The Secret Fan): pode não ser o grande filme que os realizadores gostariam de ter feito, mas ainda assim é um bonito conto sobre o amor incondicional entre duas mulheres. A trilha de Rachel Portman (vencedora do Oscar por Chocolate) é sensacional e a fotografia garante imagens de uma plasticidade de encher os olhos. Há ainda um contraponto interessante entre os costumes milenares e a modernidade na China de hoje, o que as tomadas de Xangai, com seus arranha-céus disputando espaço com construções antigas, torna ainda mais explícito. No fim das contas, é um bom retorno do diretor Wayne Wang à temática de O Clube da Felicidade e da Sorte. Ou talvez o que valha mesmo o ingresso seja a ponta de Hugh Jackman cantando em... chinês? Nota 7




 93 - Pastorela (Pastorela, no Fantaspoa 2012): um filme fantástico em todos os sentidos. Até onde eu lembro, a melhor comédia que eu vi neste ano. Produção de filme americano com a ginga e a criatividade do cinema mexicano. O diretor Emilio Portes é o herdeiro natural da verve cômica de Álex de La Iglesia (O Dia da Besta, Perdita Durango, A Comunidade, Crime Ferpeito). Que baita filme!!!!! Nota 8,5

94 - A Estrada (The Road, no Fantaspoa 2012): terror filipino contado em três segmentos, todos em épocas distintas. Tem bons momentos e causa alguns calafrios. O problema é a indiscutível superioridade do primeiro ato sobre os outros dois, o que causa uma ligeira sensação de anti-clímax. Nota 7 

95 -O Inimigo (Neprijatelj, no Fantaspoa 2012): filme bósnio que entrega uma interessante (e sufocante) variação da temática do bem contra o mal. O terror aqui ganha uma abordagem psicológica que casa bem com a ambientação pós-guerra e a fotografia permanentemente acinzentada. Nota 7,5

96 - Diablo (Diablo, no Fantaspoa 2012): thriller de ação e muita comédia argentino que, se não tem um roteiro brilhante, compensa com muito nonsense, violência extrema e um desenvolvimento que lembra às vezes uma versão latina do Cova Rasa de Danny Boyle. Nota 7,5

97 - Plano de Fuga (Get The Gringo): Mel Gibson ainda está pagando pela postura privada misógina e absolutamente reprovável que foi explorada pela mídia nos últimos anos. Prova de que o boicote de Hollywood contra ele ainda está em pleno vigor é que esse novo filme não foi sequer lançado nos cinemas americanos, indo direto prá TV a cabo ianque. Get The Gringo não é o retornno à velha forma do astro, mas também não vai arranhar o seu currículo. Espécie de primo distante de O Troco, em que interpretava praticamente o mesmo personagem, padece de um ritmo arrastado que o faz parecer muito mais longo do que os seus enxutos 95 minutos. Mas pelo menos é bem filmado e apresenta um Mel Gibson muito rejuvenescido em relação às últimas produções em que aparecera, principalmente em O Fim da Escuridão. Com a estampa devidamente recauchutada, Mel até pode se credenciar a retomar o seu posto como herói de ação em produções maiores. Mas antes disso vai ter que torcer para que Hollywood o perdoe. Nota 6 

98 - Histórias Cruzadas (The Help): bonita, mas ingênua, abordagem do preconceito racial nos EUA. Se beneficiaria muito caso não povoasse o roteiro com tantos personagens estereotipados e situações moldadas para a emoção programada do público. É o típico filme de Sessão da Tarde, quadradinho e eficiente. A indicação ao Oscar que realmente merecia é a de Melhor Atriz para Viola Davis, que engole todo o elenco a cada aparição, inclusive a vencedora do Oscar de Coadjuvante, Octavia Spencer, que adota um registro caricato e não mereceria sequer concorrer à estatueta dourada (a sua colega de elenco também indicada na mesma categoria, a linda Jessica Chastain, está imensamente melhor). Surpreendentemente, um dos trunfos do filme (o incrível figurino) não foi lembrado pela Academia. Nota 7 


99 - Drive (Drive): Drive (Drive): sem abdicar em momento algum das convenções do gênero policial, Nicholas Winding Refn subverte-as de forma magistral num irretocavelmente estilizado thriller que o destino se encarregará de tornar filme de culto obrigatório. Na minha lista de melhores do ano, é ele e mais o resto. Nota 9

100 - O Ritual (The Rite, 2011): tem um começo promissor, mas um clímax fraquinho esse enlatado que é bem melhor do que o desastre que poderia ter resultado. Anthony Hopkins endemoniado compensa a total apatia do protagonista Colin O´Donoghue. Passatempo razoável. Nota 6,5






Nenhum comentário:

Postar um comentário