O Homer Vitruviano

O Homer Vitruviano
Leonardo quase acertou.

Wel Come Maguila, Mas Manda Flores No Dia Seguinte

Bem-vindos, párias, desgarrados, nerds, loucos de toda espécie ou, caso esse negócio não der certo, boas vindas às minhas demais personalidades. Façam-se ouvir, façam-se sentir, façam-se opinar. E, caso falte energia ou acabe a bateria, faça-se a luz!


sexta-feira, 7 de maio de 2010

Crème de la crème: Parte 1: Luizinho, O Grande


Vou começar aqui uma série nova de posts para homenagear figuraças que fazem (ou já fizeram) parte do meu seleto grupo de comparsas em eterna busca do Santo Graal ou do sentido da vida, o que vier primeiro.

Mas a vida é curta, principalmente considerando a minha idade avançada, a saúde já castigada pelos excessos da adolescência que já perdura por décadas e a proximidade de 2012, quando se descobrirá que o último filme do Roland Emmerich era na verdade um documentário.

Por isso, vou lançar os posts aqui a conta-gotas e muito provavelmente não vou dar conta de prestar homenagem a todos os caboclos que mereceriam um textículo para chamar de seu. Então, quem se sentir traído, rejeitado, menosprezado e ignorado, desde já sinta-se abraçado, beijado, afagado e agradado por mim. Sem beicinho, ok?

Para começar a série, nada melhor que homenagear o aniversariante da semana, que calha de ser a escolha óbvia para encabeçar qualquer lista dos meus chapas do peito. O que é também uma ótima oportunidade de dar um presente de aniversário de grego e economizar uns trocados às custas do sorriso amarelo do homenageado.

Luiz Gonzaga Lopes Ferreira nasceu para mim no primeiro semestre de 1994, mais exatamente após uma sessão de cinema no finado shopping de São Leo. O filme era O Pequeno Buda, detalhe que todos os amigos em comum já estão fartos de saber, mesmo porque os fatos já foram narrados à exaustão durante esses 16 anos de convivência.

E é uma boa história mesmo. Duas pessoas absolutamente apaixonadas pela Sétima Arte, que viviam na mesma província há tantos anos, com tantos amigos em comum e que mesmo assim nunca haviam trocado uma palavra, fosse sobre cultura, religião, colunas sociais ou a cara de psicopata do Collor.

Mais: Luizinho havia trabalhado na Revista Rua Grande, justamente onde eu começava a trabalhar na época, engatinhando ainda no primeiro emprego. Um negócio meio Short Cuts/Magnólia/Crash, sacumé?

Tantas coisas em comum e eu ainda não conhecia aquela figura. Ou melhor: sabia quem ele era, até porque o cara era amigo até dos meus pais, mas nunca tínhamos sido apresentados. Foi uma simples troca de impressões sobre o filme do Bertolucci que nos aproximou, o que, além de ser uma ironia bacana do destino, também é um bom ponto de partida para uma narrativa que começou como curta-metragem, passou a longa, a minissérie, depois novela e agora já ganhou status de seriado de sucesso, com várias temporadas ainda pela frente, pelo menos é o que esperamos.

As afinidades são muitas e foram percebidas de cara, em poucas quadras de caminhada pela Independência. Temos adoração em comum por cinema, música, literatura, seriados de TV, futebol e pelas pernas da Sharon Stone. Tudo chunto misturado.

Outra ironia: Luizinho, que foi o apelido carinhoso que ele ganhou já nos primeiros meses de amizade, apesar da baixa estatura, é um grande sujeito. Desses que, ao abrir a boca, começam a crescer na nossa frente até adquirir a forma de um gigante.

Letrado, fraseado e paragrafado, o Luizinho sempre foi a minha inspiração mais próxima para escrever, seja um bilhete, uma carta ou uma resenha. A minha inabilidade e falta de talento para a escrita sempre foram convenientemente tapeados por ele, que do alto de sua bondade e amizade, sempre me encorajou a seguir colocando no papel e na tela do computador todo e qualquer devaneio e opinião furada que me desse na telha.

É o meu fã mais improvável, justamente a pessoa que, com mais tarimba, poderia me criticar, desnudar (sem boiolagem) a minha incompetência e acabar com a minha autoestima. Amigos assim são difíceis de encontrar por aí...

E é um dos raros casos em que, após apenas (após apenas, hehehehehe, troço bom de repetir) alguns meses de convivência, duas pessoas tornam-se amigos inseparáveis de infância. Pois o Luizinho é, sim, um dos meus amigos de infância. Mesmo porque, já que nunca crescemos muito verticalmente, a estatura nos permite liberar o infante que se esconde por trás da nossa persona pública sem que os outros piás no parquinho percebam que estamos mais para two grumpy old men.

E assim, brincando, brincando, fomos passando por poucas e ótimas nessas quase duas décadas de parceria. Rimos muito juntos, já batemos boca, concordamos e discordamos dentro da mesma frase umas 897 vezes, só no último ano. Choramos a morte do meu pai juntos, há quase oito anos atrás. Celebramos o início de novos amores e lamentamos juntos o fim deles, tempos depois.

Comemoramos juntos 2 Copas do Mundo, 1 Libertadores, 1 Mundial e incontáveis Gauchões e taças com nomes de figurantes de filme japonês. Porque, além de todos os interesses em comum, ainda professamos a mesma fé pelo Gigante Colorado.

Luizinho, o Grande, esteve presente na minha formatura, me apresentou ao extinto Clube de Cinema Paradiso, perambulou pelo litoral catarinense comigo e com o Alemão Giovani, me acompanhou em tantos momentos importantes que é difícil lembrar desses acontecimentos sem que aquele baixinho simpático apareça ali no canto da fotografia mental.

E há alguns anos, além de amigo e irmão emprestado, sou também padrinho dele e da Nara, essa adorável mulher que surgiu para fazer parte e fortalecer ainda mais a nossa amizade, dando forma a um verdadeiro ménage a trois sem a parte da sacanagem.

E apadrinhar um casamento desses é uma maneira singela e insuficiente de retribuição. Retribuição por toda a amizade, companheirismo e lealdade nesses anos todos. Na verdade, Luizinho é que é meu padrinho. Padrinho na vida.

Digo assim, meio de revesgueio, que a nossa amizade é como o canto que registra a nossa paixão clubística: Nada Vai Nos Separar. So long and thanks for all the fish, little big Louis.

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