O Homer Vitruviano

O Homer Vitruviano
Leonardo quase acertou.

Wel Come Maguila, Mas Manda Flores No Dia Seguinte

Bem-vindos, párias, desgarrados, nerds, loucos de toda espécie ou, caso esse negócio não der certo, boas vindas às minhas demais personalidades. Façam-se ouvir, façam-se sentir, façam-se opinar. E, caso falte energia ou acabe a bateria, faça-se a luz!


quarta-feira, 2 de junho de 2010

Walk This OLD Way



Demorei quase uma semana para traçar poucas e mal escritas linhas sobre o show do Aerosmith, quinta-feira passada, no estacionamento da FIERGS, em POA. O mesmo tempo que demorei, aliás, para desovar um texto sobre o show do Guns, um mês antes, no mesmo local. Sou um cara que gosta de seguir tradições, fazer o quê?

Pois Steven Tyler e cia., se esqueceram de trazer junto a Liv (ótima idéia, considerando a quantidade de candidatos a genro na platéia, o que perigava descambar para um gangbang de proporções alarmantes), lembraram de colocar na bagagem um pouco de old school rock´n´roll.


Me perdoem os metaleiros, que ficam de pinto duro num show de virtuoses como o Dream Theater e suas músicas de 40 minutos. Nada contra. Até é melhor que gostem de coisas assim. Quando os astros se posicionam nos lugares certos, ocorrem acasos perfeitos como aquele da noite do show da banda do Axl Rose. Os camisas pretas estavam todos lá, hipnotizados como um intelectual olhando um filme do Terrence Malick, enquanto nós, legítimas crias dos eighties, estávamos cá, fazendo a ôla e ligando os isqueirinhos para Sweet Child O´Mine.


No último dia 27 de maio, a mágica não se repetiu. Grande parte do público presente no show do Aerosmith era formado por adolescentes velhos e adultos novos. Um povo que nunca ouviu Mama Kin na vida. Uma gente que curtiria muito mais um show dessas bandinhas com franjinha na cara do que a energia de Joe Perry e Steven Tyler em petardos clássicos como Rag Doll e quetais. Um show do Fresno no mesmo dia e horário só teria ajudado.


Mas se a parte de trás da platéia não cabia num show de rock das antigas (e a apatia com que os adolescentes responderam a um dos clássicos que quase me fez gritar como uma fã de Crepúsculo, Love In An Elevator, a música de abertura), a parte da frente fez a sua parte. Justa homenagem aos titios que estavam no palco, entregando uma aulinha básica de róquenrou para quem não teve oportunidade de encher a cara ouvindo os caras em fitas cassete velhas e enroladas há vinte anos atrás.


Tyler e Perry, esse casal veterano que parece realmente casado em cima do palco, tal é a simetria e intimidade com que dialogam durante a apresentação, deram um espetáculo que vai ser difícil de esquecer. Fizeram, veja só, até que não déssemos bola para a chuva fininha que quase não deu trégua e nos deixou a todos encharcados e loucos para misturar um chá Vick na ceva do final da noite. Mas era uma chuva boa, dessas de comercial de margarina, então ninguém se importou. Pelo menos, ninguém que importasse. Os veteranos se mantiveram ali, hipnotizados, fazendo os chifrinhos do finado Dio e pulando que nem crianças o tempo todo.


Com um repertório que repassou quatro décadas de carreira e mesmo assim ainda deixou clássicos de fora (Dude Looks Like A Lady, Janie´s Got A Gun, Amazing e outras ficaram de fora do setlist), o Aerosmith que encantou o estacionamento da Fiergs é, muito mais do que uma simples banda de rock, uma banda de rock da velha guarda.


Os caras são de um tempo em que não era brega soar roqueiro mesmo quando a letra é sobre um cara chorando depois de um pé na bunda (até I Don´t Want To Miss A Thing surpreendentemente soa bem ao vivo, sem Michael Bay nem Ben Affleck no palco, lógico). De uma época em que as raízes bem fincadas do rock estavam no blues e não no rap.

Aliás, o bom e velho blues esteve presente, o que deve ter deixado muitos mauricinhos e patricinhas sem entender nada do que estava acontecendo ali (o que muito me alegra, confesso).


Além do espetáculo irrepreensível no palco (Dream On quase me fez chorar, de verdade), foi um show bacana de ser vivido entre amigos. Figuras do passado e do presente estavam na platéia. E foram muitas as mensagens de celular que uns enviavam para os outros, perdidos na multidão, mas buscando uma sintonia embalada pelo som de Tyler e seus comparsas. Baby Please Don´t Go, além de uma música que me pirou o cabeção ao presenciar ser tocada ao vivo, era o que todos gritávamos em direção ao palco, nos borrando que o show acabasse cedo demais.


Mauro Negão, depois de quase desmaiar de gritar feito uma adolescente histérica (segundo seu próprio depoimento no Twitter), me mandou um “Meu sogro é foda”.

No final do bis, o Michel Dj me escreveu um “Foda, muito foda... Lembro quando eles tocavam em Sampa e a gente tava no M2000”, recordando passagens pré-históricas e um festival de rock com nome de tênis que estremeceu a Praia do Barco.


Ao que eu respondi, ao som da última música dos caras, um final apoteótico e sem qualquer clichê para uma noite perfeita: “Train kept a rollin, que nem nós”. Exatamente que nem nós, poderia ter repetido. Foda, muito foda, ele teria me replicado.


PS: para uma análise mais embasada, sóbria e direta, favor conferir o http://www.usina1.com.br/ e depois me agradecer.


3 comentários:

  1. Que inveja tua, deste show, do Guns, shows que perdi!!! Mas que posso sentir um breve gostinho pelos teus vídeos e comentários. Tks!!!

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  2. ..eu também...eu também...tava lá e foi inesquecível..mais uma pra nossa coleção de shows..que não tá nada mal né?:-) Besos mi amor!!!

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  3. Li no dia em que postaste e já queria ter comentado, mas o tempo não me permitiu. Gostei de ter lido; as tuas sensações foram bem semelhantes às minhas. Sinal de que a galera tava bem sintonizada. Endosso os comentários de "foda, muito foda". Eu também quase chorei em alguns momentos e uma semana depois ainda ecoava na minha cabeça "dream on, dream on, dream until your dreams come true". E ainda não parei de rir da lembrança do M2000 Summer Concert!!! Velhos e bons tempos!

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